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Acordei, mas continuava cansado, com aquela sensação de que ainda não havia dormido o suficiente. Levantei com a cabeça um pouco confusa. Que horas são? Não, não estava atrasado, nada fora do normal. Ufa!
No rádio já avisavam que uma das linhas do metrô – por acaso, a linha que eu uso todo dia – estava com problemas. É claro que isso ia acontecer bem em dia de prova na faculdade. Muitos falam que imprevistos acontecem e sim, acontecem mesmo. Sem problemas, ainda não estava atrasado. Nada fora do normal.
O trem demora a chegar e, quando chega, está lotado. Odeio entrar em trem lotado, mas não, não vou esperar outro passar justamente para evitar um possível atraso (vai que o trem demora a chegar novamente). Um dia ou outro de trem lotado nunca matou ninguém (ninguém que eu conheça).
O trem anda normalmente. Cadê o problema que anunciaram no rádio? Coloco meus fones de ouvido, olho para o relógio digital que pisca dentro do trem. Nada de atrasos hoje. O trem para. Bom, parece que aqui está o problema. Sem pânico, ainda há tempo suficiente. Cinco minutos não é atraso. Mas se forem e seis ou sete, ou dez ou ainda vinte?
Resolvo descer na estação em que estou para pegar outra linha. Tudo bem, já fiz esse percurso antes. Não, não lembro o caminho, mas é para isso que existem as placas. Sigo-as e elas me fazem andar um pouco mais do que o esperado. Sem problemas, nem vou chegar tão atrasado assim. É quando eu lembro que, no percurso alternativo, preciso usar mais uma linha do metrô além das duas que já havia usado.
Dessa vez não deve demorar. Ainda tenho longos quinze minutos para chegar até a faculdade. Agora, quatorze minutos: o trem da terceira linha não se mexe. Treze minutos. Doze minutos.
Nada de atrasos e nada de metrô por hoje, decido ir andando de onde estou até a faculdade. A estação tem quatro saídas e eu não faço ideia de onde cada uma delas vai dar, por isso saio em qualquer uma e continuo andando. E ando, ando, e me pergunto: andando para onde? Esse lugar não me parece familiar. Tenho dez minutos. Pesquiso a localização no celular; santa tecnologia. Más notícias: segundo o celular, estou na direção errada. Corro para a direção certa. Corro, sim, literalmente. A mochila em uma das mãos, o óculos em outra (por que não correr de óculos?).
Corro, mas me restam apenas cinco minutos. Nada bem, tudo fora do normal, teremos atraso hoje e não chegarei a tempo de fazer a prova. Desisto, quem eu estou tentando enganar? Não há como percorrer em cinco minutos a mesma distância que, andando, levaria uns quinze. Vejo uma colega andando apressada na rua e corro apenas para chegar até ela. Conversamos e resolvemos correr. Corremos! Chegamos! Conseguimos entrar na sala para fazer a prova. Se a nota vai ser boa ou não, aí eu já não sei.