Vem aí 2022

O ano vai ser novo se a gente puder ver uns infiéis descobrindo o valor da fidelidade, muitos mentirosos se encontrando com a verdade e tantos que estavam descrentes, se agarrando em uma fé sem tamanho. Tudo isso será possível caso a gente se abrace à liberdade interior e seja capaz de não ficar limitado ao raso que já conhecemos de nós mesmos, mergulhando no novo que vai chegar.

O que posso desejar a você leitor é que retire os seus pesos, que se liberte de antigas mazelas e que deixe a sua vida leve. Leveza não é irresponsabilidade, tampouco indiferença. Leveza é ser livre a ponto de não permitir que a força do mal seja tão grande que tire sua paz para ir frente, que te roube lágrimas em mais que uma noite, pois os dias seguintes não podem continuar refletindo os insucessos.

Se o limpador do parabrisa quebrou, a gente reza para que não chova no caminho, mas se chover, encosta até passar. Se o temporal for grande e demorado, melhor mesmo é ligar para um amigo ou chamar um uber. O que não pode é estressar e o que não deve é enfraquecer e se diminuir. A vida dá errado para todo mundo, acredite. Se o frio for demais, na hora do banho a gente liga pouco a água, para que mesmo que raras as gotas, sejam quentinhas e o cheiro do sabonete fique impregnado no travesseiro até que o relógio desperte e você perceba que apesar do sono, a vida ganhou mais um dia.

Se descobrir a meia rasgada é só não cruzar as pernas e manter as duas em uma posição que não revele, mas caso distraído acabe mostrando, melhor mesmo é rir sem se importar para que percebam que o mais importante está no que você diz e no tamanho da alegria que carrega.

Deixa a vida ficar leve, que logo vai perceber o quanto que o resto é bobagem. Que o importante é confiar Nele e que no limite a vida sempre faz crescer. Que cada mudança revela com o tempo a sua importância para a construção do caráter e que a gente só aprende com o conflito. Diante dele é preciso sabedoria e equilíbrio para apertar aqui, ajustar ali e ter sempre muita fé. Sem fé não tem negócio. Não há mágica. A vida acontece de forma ordinária. O extraordinário mesmo vai ser no final do ano, quando olhar para trás e notar de verdade alguma mudança. Caso se sinta mesmo satisfeito, valeu a pena! Feliz ano novo!

 

Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb