Vão faltar botes

O leitor e a população de Mairiporã não podem esperar absolutamente nada dos vereadores que defendem o prefeito com unhas e dentes. Eles não têm interesse em fiscalizar atos do chefe do Executivo, como ficou evidenciado, mais uma vez, no caso do ‘empréstimo’ de um servidor que tinha sido recém-nomeado, para trabalhar em outra cidade. O assunto foi debatido por toda a cidade nos últimos dias e tudo leva a crer, inclusive pela omissão do nome do servidor, que se trata do genro do prefeito.
O silêncio que se viu durante a sessão foi constrangedor, a eloquência deu lugar ao cinismo, e quem se calou parece ter concordado com aquilo que fez o chefe do Executivo.
É de se ressaltar, no entanto, que os quatro vereadores da oposição (Ricardo Barbosa, Doriedson de Freitas, Wilson Sorriso e Pastor Cícero) cobraram explicações e informações sobre a identidade do servidor.
O ato de emprestar um servidor pode ser até legal, mas em sendo o genro do prefeito, é de uma imoralidade abominável. Toda a Câmara deveria, no mínimo, se manifestar, porém a tropa de choque de Antônio Aiacyda teme represálias que possam acabar com as muitas cortesias concedidas, inclusive a demissão de apadrinhados que estão ‘mamando’ nas tetas do erário.
Não é a primeira vez, e pelo visto não será a última, que o prefeito faz o que bem entende, ainda que haja legalidade, e a maioria legislativa fecha os olhos. Para esses vereadores, tudo está certo, o prefeito é bom, e o conceito que eles (tropa de choque e prefeito) gozam no seio da população é injusto. Justo, com certeza, será o resultado das urnas no ano que vem.
A cidade já cansou de vereadores perdendo tempo, mas recebendo muito, para cuidar de buracos, lombadas, calçadas quebradas, poda de árvores e corte de matagais, e nunca são atendidos, além de conceder títulos de cidadania e criar data disso e daquilo, resumidas simplesmente como ‘perfumarias’.
O mínimo que se esperava da maioria parlamentar era que, por dever de ofício e obrigação moral e constitucional, cobrassem do prefeito mais essa afronta perpetrada contra a população. Se do prefeito a cidade não espera mais nada, os vereadores, ao menos em nome da inteligência política, deveriam adotar outra postura.
Vão faltar botes quando o barco for a pique.