Vai chover?

Os reais problemas brasileiros estão sendo noticiados, discutidos o tempo todo. Essa rotina cria uma impressão da naturalidade de questões fundamentais a tal ponto que acaba se distanciando da busca de soluções. Afinal são problemas e, por isso, devem ser resolvidos ou minimamente suavizados.

Me refiro à fome e a miséria absoluta de quase 20 milhões de brasileiros, do desemprego de outro tanto, da alta constante dos preços de alimentos e dos combustíveis, da inflação acumulada de 10% nos últimos 12 meses e em crescimento no dia a dia, dos 600 mil óbitos e dos milhões de contaminados por esta pandemia do COVID 19, da desigualdade social e até da desigualdade na distribuição das vacinas pelos estados brasileiros, quando SP e MS ultrapassam 57% de imunizados e estados na região Amazônica não atingiram 30%.

Para mudar de assunto vamos falar do tempo. Sim do clima!

Quando o ‘papo’ está chato muda-se de assunto com uma saída clássica: será que vai chover ou essa primavera está parecendo verão? Pois é!

Na verdade, no mundo hoje se discute o desmatamento desenfreado na sua maior floresta tropical, a floresta Amazônica, foco de grandes preocupações nas mudanças climáticas impostas ao planeta Terra. Pior, tal preocupação procede!

O Instituto do Homem e Meio Ambiente – Imazon anunciou que o “desmatamento na Amazônia na temporada 2020/2021 é a maior dos últimos dez anos”.

A Amazônia Legal perdeu 10.476 km2, correspondente a 33 vezes a área de Mairiporã, no período de agosto de 2020 e a julho de 2021, sendo 57% maior que no período anterior. O que significa que o desmatamento além de ser continuo vem aumentando, sendo o maior nos últimos 10 anos.

Evidentemente, as mudanças climáticas são impactadas pela emissão de carbono nesse modelo produtivo industrial e no da agricultura mundo a fora.

Por aqui, tais preocupações estão na pauta do governo federal há um bom tempo: tanto é verdade que em 2012 o Ministério da Agricultura publicou o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura. Esse plano foi destacado pelo IPCC- Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas quando da divulgação do relatório sobre mudança climática e terra em Genebra no ano de 2019, o IPCC entendia que o plano brasileiro seria um “instrumento de integração das ações dos governos – federal, estadual e municipal, do setor produtivo e da sociedade civil, para a redução das emissões dos Gases de Efeito Estufa – GEE provenientes as atividades agrícolas e de pecuária”

No relatório sobre a mudança climática e terra o IPCC aponta a “importância de combater o desmatamento, promover recuperação florestal, mudar práticas agrícolas e frear a degradação das terras no mundo inteiro com medidas capazes tanto de combater a mudança do clima quanto de promover a adaptação da sociedade a elas.

Segundo o relatório, a redução do desmatamento e da degradação no Brasil pode diminuir em até 5,8 bilhões de toneladas de CO2 por ano no mundo. Por ter a maior floresta tropical do planeta, pode responder por parte importante da redução e se tornar um líder global em produção com redução de emissões como recomenda o Plano Setorial.

Como o plano aparentemente ficou no papel, resta perguntar: vai chover?

 

Essio Minozzi Júnior é professor de Matemática e pedagogo. Pós-Graduado em Gestão Educacional – UNICAMP; Planejamento Estratégico Situacional – FUNDAP- Administração Pública-Gestão de Cidades UNINTER; Dirigente Regional de Ensino DE Caieiras (1995-96), Secretário da Educação de Mairiporã (1997-2000) e (2017-2018), Vereador de Mairiporã (2009-2020)