Apesar do país ter a fama de ser eficiente nas campanhas de vacinação a das crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, infelizmente, as coisas não são bem assim. Enquanto em 23 dias foram vacinadas apenas 15% das crianças brasileiras, países como Uruguai e Argentina realizaram o mesmo percentual entre 7 e 8 dias.
Com a variante ômicron acelerando os números de casos e de óbitos a possibilidade das crianças se contaminarem só aumenta colocando-as em risco de morte ou sequelas. Sabe-se que até agora perto de 1.500 crianças, nessa faixa etária, vieram a óbito no Brasil e muitas outras ficaram com problemas cardíacos entre outras sequelas.
A lentidão dessa vacinação tem os descasos dos responsáveis como o fato do ministro da Saúde ter atrasado início da vacinação convocando audiência pública para tanto e ter inventado a necessidade de laudo médico para a vacinação dos pequenos
Sendo direito da criança ser vacinada tanto os órgãos responsáveis por ofertar os imunizantes e os pais ou responsáveis pelas crianças tem a obrigação de proporcionar tal vacinação. Se não descumprem a legislação que estabeleceu esse direito as nossas crianças e adolescentes.
Mesmo assim assistimos no país a lentidão da vacinação das crianças. Essas pessoas precisam ser responsabilizadas urgentemente diante dessa negligência.
A vacinação das crianças começou com atraso de um mês considerando a autorização do imunizante da Pfizer pela Anvisa, em 16 de dezembro. O ministro da Saúde do governo federal inventou uma consulta pública especifica sobre essa vacinação provocando atrasos. Seu chefe, o presidente, criticou a vacinação infantil chamando-a de “propaganda” e anunciou que “não vacinaria a filha mais nova, de 11 anos.” Tal atitude provoca insegurança na população.
O ministro da Saúde, também, demorou para informar a compra da CoronaVac para as crianças obrigando, desta forma, os estados usarem as vacinas destinadas para a segunda dose que garantiriam a agilização das imunizações das crianças. Entretanto, apesar de São Paulo contar com grande estoque agilizar a imunização dos pequenos, foi impactado com a insegurança de pais ou responsáveis que não cumpriram com a obrigação de levar suas crianças para serem imunizadas.
Em São Paulo enquanto mais de 97% da população adulta está imunizada a vacinação das crianças está muito mais lenta do que o planejado. E não é por falta de imunizantes. O governo paulista pretendia completá-la no último dia 10, porém os pais estão inseguros com insinuações de possíveis reações da vacina e não estão vacinando seus filhos. Alegam que circulam muitas informações desencontradas sobre o tema. Entretanto, os mais atentos confiam nos especialistas que claramente orientam para a efetividade da vacinação dos pequenos. Com todos esses desencontros até então foram vacinados pouco mais de 2,2 milhões de crianças paulistas, ou seja, perto de 60% delas.
Com a volta as aulas os alunos deverão apresentar comprovante de vacinação e os que ainda não foram vacinados seus pais ou responsáveis deverão ser encaminhados aos respectivos Conselhos Tutelares ou Ministério Público para responder por tal ato.
Simplificando, os brasileiros estão acostumados com vacinações pelo SUS, os adultos estão fazendo filas para serem imunizados contra a COVID-19, quando, mesmo atrasada, dá tudo certo com a vacina das crianças de 5 a 11 anos há esse contratempo provocado por ‘desinformações’ fazendo ‘gol contra’ a imunização de nossas crianças.
Inconcebíveis tais atitudes. Os descompromissados deverão ser denunciados, os fatos apurados e tais atores deverão responder perante a lei. Sejam eles ministros de estado, presidente da república, pais ou responsáveis pelas crianças ou quem quer que seja.
Respeitem o direito das crianças!
Essio Minozzi Júnior é professor de Matemática e pedagogo. Pós-Graduado em Gestão Educacional – UNICAMP; Secretário da Educação de Mairiporã (1997-2000) e (2017-2018), Vereador de Mairiporã (2009-2020)