Uso de novas tecnologias no ensino integral

Sempre se discutiu que o ensino em tempo integral, inclusive nos moldes de países com altos índices de desenvolvimento na área educacional, seriam o grande passo para a melhoria quanto à qualidade do que é oferecido aos alunos, quando se trata do ensino público. Políticas educacionais sempre foram matéria prima das propostas e planos de governos, principalmente nos últimos quinze anos, tanto na esfera estadual quanto federal.

No entanto, políticas públicas de educação são justamente aquelas que demandam tempo maior de maturação, já que o resultado de planejamentos nesta sensível área, não chegam de modo instantâneo e a percepção de mudança leva tempo, além de implicar em vultuosos recursos.

No âmbito federal, durante o governo Dilma Rousseff, houve uma tentativa que se deu infrutífera, justamente quando esbarrou na questão financeira, já que se tratava de um momento onde as verbas foram sensivelmente reduzidas. É preciso compreender que mudar um sistema de educação é algo que passa por uma transformação profunda e que abrange amplos e diferentes aspectos.

Manter um aluno na escola a maior parte do dia, no caso do ensino integral, esse tempo seria de sete horas diárias, o que exige mais professores, mais profissionais envolvidos no funcionamento administrativo, além de capacitação diferenciada, materiais tecnológicos, equipamentos diversos, insumos e, claro, a disponibilização de infraestrutura bem diferente daquela que se observa no ensino comum, em que o período é matutino, vespertino ou noturno. Importante neste aspecto lembrar que mesmo que a mudança se concretize, ainda estaríamos abaixo do sistema educacional de países desenvolvidos, que trabalham com tempo de dez horas diárias.

Também se de considerar que a disponibilização de vagas e planejamento da demanda, além do transporte, precisam ser repensados em sua totalidade, já que uma mesma sala no modelo tradicional pode ser ocupada por diferentes turmas de manhã até a noite. O planejamento já é tarefa complexa, depois vem a fase de transição e de alterar a rotina de docentes, funcionários e das famílias dos alunos envolvidos para o novo formato.

Nada disso pode ser feito a toque de caixa, mas é imprescindível a transformação da qual a educação no Brasil depende para o seu efetivo desenvolvimento, já que nosso sistema educacional é considerado atrasado, quando comparado a outros países, onde esse formato já é aplicado. É preciso considerar que em algumas regiões o modelo já está sendo utilizado com sucesso, caso do ensino médio regular no estado de Pernambuco.

Nosso país de tamanho continental possui tantos diferentes sotaques, mas nos aproximamos em nosso belo idioma, apesar das disparidades de escolas até mesmo dentro de uma mesma região. Há grandes diferenças de ensino dentro do próprio estado ou mesmo dentro do mesmo município. Há infelizmente muitas regiões, principalmente em cidades pequenas, que sequer contam ainda com a disponibilização de internet, que há muito tempo é uma ferramenta essencial em qualquer atividade e para a educação nos dias atuais. Fato é que os especialistas reforçam que só atingiremos índices maiores no âmbito educacional quando modificarmos nossas estruturas e o ensino integral passa por esse planejamento.

Quanto às escolas cívico-militares, lançadas no governo de Bolsonaro, não parece ser uma intenção do atual governo mantê-las e o temor é de que o Programa da Escola em Tempo Integral seja uma iniciativa de governo (e não de estado) que acabe descontinuada. O Ministério da Educação planeja para os próximos três anos, ou seja, até o final do mandato do governo de Lula. Fica a torcida para que o programa não tenha cunho político e que no final das contas represente mesmo um olhar sobre como tornar melhor a educação pública no Brasil, de forma que a grande missão dos nossos governantes seja a de aumentar a qualidade, o que de fato até o momento não teve avanço.

Estamos diante de uma grande oportunidade da qual a tecnologia pode ser grande parceira para que os jovens recebam formação capaz de prepará-los para os desafios da fase adulta, onde só serão bem-sucedidos se receberem a base que vem da sala de aula.