Troca partidária abre corrida eleitoral

MARÇO começou no domingo (1) dando largada à corrida eleitoral. A ‘janela’ partidária, popularmente chamada de ‘troca-troca’, teve início na quinta-feira, 5, e vai até 3 de abril, marcando o começo da pré-campanha, para valer. Os vereadores podem mudar de legenda sem sofrer punição por infidelidade partidária. Mais do que isso, o dia 4 de abril é o último para que todos aqueles que pretendem concorrer a algum cargo neste ano estejam filiados a algum partido.
Desde a última eleição municipal, o tempo de campanha oficial é bem mais curto. Saiu de 90 dias (três meses) e passou para menos de 50 dias. Em 2020, a campanha começa apenas em 16 de agosto e vai até o dia 3 de outubro, véspera do primeiro turno das eleições, marcadas para o dia seguinte. Em municípios com mais de 200 mil eleitores, se nenhum candidato a prefeito tiver 50% mais um dos votos válidos, a disputa segue para o segundo turno, em 25 de outubro.
Vale ‘quase tudo’ – A legislação eleitoral permite ao pré-candidato nesta fase de pré-campanha praticamente tudo o que é liberado na campanha oficial. As únicas diferenças são que, por enquanto, ninguém pode pedir voto declaradamente e nem apresentar número de urna – no caso dos candidatos a prefeito, pois os que concorrerão a vereador só saberão seus números nas convenções partidárias, entre 20 de julho e 5 de agosto, prazo em que as legendas devem confirmar as candidaturas e formalizar coligações apenas no pleito majoritário (prefeito).
O restante é liberado, por exemplo, apresentar-se como potencial candidato, falar sobre propostas e estar presente na mídia tradicional e nas mídias sociais, desde que não haja pedido explícito de voto ou alusão a número. O jornalista, analista político e editor do Correio Juquery, Wagner Azevedo, lembra que a fase atual é muito importante.
“As campanhas ficaram curtas e se falava antes que seria para economizar recursos, mas o que aconteceu é que se criou uma campanha permanente, pois a pré-campanha não tem data específica para começar. Têm alguns pré-candidatos trabalhando desde um ano antes das eleições, outros desde o começo deste ano. Mas da forma como as eleições estão formatadas agora, é impossível o candidato esperar a campanha oficial para mostrar ao público o que pensa. Ele precisa estar presente bem antes, ocupando todos os espaços possíveis, na mídia, na Internet, nas ruas. O período de campanha oficial vai ser apenas para a confirmação do nome, mas já tem que construir antes. e a interação é algo que deve ser bem mensurado. Curtida não é voto”, destaca.
O jornalista também afirma que os candidatos que já conhecem a máquina pública saem na frente. “Aqueles que sabem a fundo como funciona a prefeitura, certamente sairão na frente nas discussões, e o mesmo vale para os vereadores, que ao menos teoricamente sabem mais sobre os problemas, têm mais facilidade em se comunicar com o eleitor”, comenta.
Mudança – A proibição das coligações na eleição proporcional (vereador) começa a valer nesta eleição. Apenas para os majoritários – prefeito e vice – seguem permitidas.
“A tendência é aumentar o número de candidatos a vereador. A eleição de 2020 nos municípios é importante para os partidos já visando 2022, para que possam aferir o quanto têm de participação em cada região, já pensando na cláusula de barreira. Nas últimas eleições municipais, a média era de 400 mil a 500 mil candidatos em todo o País. Já se fala em algo até 1 milhão neste ano, de acordo com alguns analistas.
No caso específico de Mairiporã, se todos os partidos lançarem chapa completa, esse número deverá girar em torno de 600 candidatos. “Não acredito que chegue a tanto, mas vai aumentar em relação últimos pleitos”, avalia Azevedo. “Esse número alto cria consequências para o eleitorado, com mais candidatos em um curto período. Isso torna ainda mais difícil para o eleitor, o deixa mais indefinido. Em eleições municipais, a tendência é votar menos em partidos e mais nas pessoas”, aponta.
Falsas promessas – A pesquisa continua sendo a melhor forma do eleitor conhecer os candidatos, que eleitor deve saber o máximo possível sobre eles. Pesquisar os cargos públicos que esse candidato já ocupou, como foi o trabalho realizado, olhar as propostas, de forma crítica, o que é mesmo possível de realizar. Também é primordial que a população tenha conhecimento do que efetivamente o prefeito e o vereador podem fazer, o que fizeram e cumpriram durante o mandato que se encerra este ano para votar com consciência. “As mídias sociais democratizam, mas tem o problema das fake news. Então, tem que ter esse cuidado. O candidato deve estar preparado para falar com o eleitor e ser transparente” conclui o jornalista.