Todo início de verão o Brasil assiste a uma repetição criminosa dos estragos feitos pelas chuvas, que resultam em alagamentos, enchentes e desabamentos. Claro, nesse rastro todo, muitas mortes. Às autoridades, a quem caberia solucionar esses problemas, ano entra, ano sai, fazem absolutamente nada. Nunca fazem. A mídia, por sua vez, cobra muito pouco nas outras estações, mas faz um estardalhaço quando as vítimas surgem aos montes e rendem reportagens com bons indíces de audiência.
A previsibilidade de temporais é igual à inércia dos governantes. Basta uma chuva mais forte para os problemas de sempre voltarem ao protagonismo. E a culpa é sempre do excesso de pluviometria, do crescimento desordenado das cidades, e até mesmo da faixa natural alagável das margens de rios e córregos, imputadas como principais responsáveis pelos episódios trágicos.
Claro que a população tem sua parcela de culpa nesse processo, por absoluta falta de consciência coletiva social. No Brasil, desde Pedro Álvares Cabral, é cada um por si e o outro que se lasque. Se nem todos os problemas podem e devem ser atribuídos aos administradores públicos, eles também respondem por significativa parcela de tudo de ruim que acontece.
Basta rever reportagens dos meses de janeiro dos últimos dez anos e compará-las. É um repetir de situações que ao longo desse período já deveriam ter sido solucionadas.
Por falar em soluções, isso só será possível se houver interesse dos governantes, aliados à vontade da sociedade em fazer a parte que lhe cabe. Sem isso, todo verão será um eterno lamento de desastres e mortes.
Cobrar investimentos em saneamento básico é um caminho que pode resolver grande parte do problema. A isso, é premente a colaboração dos cidadãos.
No caso de Mairiporã, o prefeito Aladim já autorizou o início das obras nas vias São Paulo e Hebraim Hallack, ponto de partida para acabar com alagamentos na parte baixa da cidade, além de trabalhos junto ao dique. Claro que é preciso mais, como fiscalizar construções clandestinas em áreas de risco iminente, mas a expectativa após o primeiro ano de governo é boa e gera confiança.