Há muitos anos, na verdade décadas, a Câmara Municipal de Mairiporã usa dos mesmos expedientes para tocar os trabalhos legislativos. Nada mudou. Aquilo que se convencionou chamar de ‘perfumaria’, ou seja, assuntos sem relevância para a população, sempre esteve em destaque nas pautas semanais, sem, contudo, surtir efeitos práticos.
Dos treze parlamentares, quatro são neófitos, vão fazer suas estreias, enquanto três retornam à condição de titulares e seis ganharam mais um mandato através do voto.
O que chama a atenção em todo esse processo, é que a maioria dos vereadores não acredita que a população os enxerga, que acompanha o que é feito e se mostra surpresa quando o eleitor decide substituí-la ao final de quatro anos. Quando acorda, a reeleição foi para o brejo.
Tem sido assim nos últimos trinta anos. Em 2024, sete parlamentares foram defenestrados pelo eleitor. Número expressivo e que representa mais de 50% do total de cadeiras.
A pergunta é: isso tudo vai mudar a partir do próximo dia 4 de fevereiro, quando as sessões plenárias terão início? Claro que é preciso esperar algum tempo para que a resposta possa significar com exatidão qual o caminho que será percorrido. Uma mudança importante, que tem tudo para significar ‘o novo’, foi a escolha de uma mulher para presidir os trabalhos, fato dos mais relevantes na história política da cidade.
Em plenário, embora algumas movimentações desde outubro apontem prováveis posições políticas, ainda é difícil prever que rumo a parceria com o Executivo vai tomar. Nesse particular, cabe destacar que o prefeito está em seu segundo mandato, ou seja, vai deixar o cargo ao final de 2028, o que eleva a temperatura dentre alguns nomes que já se colocaram como opções para a disputa eleitoral daqui a quatro anos.
Esse conjunto de ações, observadas em gestões anteriores, quando o prefeito cumpria um segundo mandato, foram as piores possíveis no comportamento entre os dois poderes, cujos representantes foram escolhidos pelo povo. Claro que o momento é outro e, muito particularmente no caso do chefe do Executivo, sua aprovação e recondução ao cargo por maioria esmagadora tem um viés diferente.
Em se tratando de políticos, entretanto, nunca é demais deitar olhos atentos às movimentações, ainda que a sucessão esteja muito distante. O momento é de trilhar juntos, principalmente por conta das sandices econômicas patrocinadas por outras esferas governamentais, com protagonismo da Federal, que certamente vão impactar os repasses de recursos aos municípios.
Em síntese, o que se espera dos vereadores é um comportamento sério, e que abandonem a prática nociva de ‘criar dificuldades para vender facilidades’.