Mairiporã tem sido vítima de enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra nos últimos meses, tudo por conta das chuvas intensas. E olha que nem é preciso uma hora inteira de aguaceiro. Na última segunda-feira, por exemplo, 50 minutos foram suficientes para alagar toda a cidade.
Anos passam e nada é feito pelo poder público para enfrentar o problema de forma eficaz e minorar o sofrimento das pessoas. É bom frisar que não se pode mais naturalizar acontecimentos desse tipo, delegando apenas à tromba d’água as responsabilidades pelas tragédias.
Falta de planejamento e de soluções definitivas para a maior parte dos problemas ajudam a piorar a situação. A parte alta da cidade, onde estão Prefeitura e Câmara, despeja água morro abaixo e inunda todo o centro e outros bairros.
Os mais baixos ou próximos de rios e córregos também são vítimas dessa ‘naturalização’ há dezenas de anos. A Prefeitura pouco ou nada fez em obras de infraestrutura nos bairros da periferia.
Trazer ao debate a imprevisibilidade dos fenômenos climáticos é no mínimo uma irresponsabilidade e também falta de profissionalismo dos responsáveis pelo município. Qualquer criança sabe que os verões são chuvosos. Imprevisíveis são fenômenos como furacões, terremotos e tsunamis. Tempestades não!
Em Mairiporã uma chuva mais forte de 40 ou 50 minutos é suficiente para inundar toda a região central, bairros localizados na chamada parte baixa da cidade e outros próximos a córregos, rios e ribeirões. Isso significa que não estamos preparados para lidar com um fenômeno básico do nosso clima tropical. Em 2016 o problema descambou para a tragédia e matou dez pessoas.
A conclusão é assustadora quando se sabe que cidades com governos interessados em resolver problemas criaram estratégias de recepção da água para além das galerias, que não fazem outra coisa que não jogar o material nos rios. E Mairiporã, na região metropolitana mais rica da América Latina, ainda não superou esse problema.
Um jornalista escreveu semana passada, sobre esse mesmo problema em sua cidade, e disse que onde faltam ralos não escorre a água. Onde eles sobram, escorre dinheiro.