Está nascendo um trabalho. Um fruto de semente que em terra fértil plantaram os mestres que me viram nos bancos das fileiras da escola Hermelina. Não só eles, mas todas as centenas que comigo viveram aqueles anos. O cerne das linhas que me ajudaram a compor os retalhos está impregnado por aqueles corredores por onde daqui a pouco voltarão a passar as tribos da nova geração, pouco apegada as bibliotecas.
Muita gente curiosa por saber que vem por aí um livro. Sim, meu ciclo vai contar com uma publicação, para seguir o dito popular de estar completo depois de ter tido filhos e também plantado uma árvore.
Do que tratam as folhas é difícil explicar. Começaram com canetas e hoje surgem de digitadas rápidas no meu novo e caro computador. Talvez fale mais de outros, do que de mim. Talvez surpreenda alguns que mal sabem o quanto me deixaram marcas boas ou ruins. Fato é que os poemas e crônicas vão logo estar impressos e vou entregar o volume para que fique para sempre. Para que em cem anos, quando não me restarem nem os ossos na sepultura, alguém possa retirar de uma estante empoeirada e então diga: ‘quem é esse?’. Que goste da beleza de algum verso e anote em algum equipamento eletrônico da época, no intuito de que sirva para alguma coisa. Meus netos vão dizer: ‘esse cara foi meu avô!’
Ainda bem que para esse dia chegar falta muito e o que eu mais quero é dar passos lentos por esse caminho de gestar o projeto no ventre da esperança. Me apoiar nos seus dois eixos da fé: humildade e paciência. Paciência para o tempo certo debaixo do sol e humildade para reconhecer que Deus é Deus.
Vai ser muito legal ser lembrado como escritor e talvez ser reconhecido em algum lugar por alguém que diga que leu e gostou. E que faça um elogio e que o elogio venha em um dia que eu esteja precisando de afeto por uma palavra amarga que alguém tenha dito. Então, que o mal se despedace e caia diante do meu sorriso ao perceber que valeu a pena.
Achei que nunca iria terminar o livro, mas fiz como recomendaram. Concluí por decreto. Fechei a tampa e mandei embrulhar. Com um laço bonito é claro, para ficar poético, já que depois desejo desfazer o leve nó e com facilidade, e contemplar sua forma concreta em minhas mãos, saboreando cada detalhe sentado debaixo de uma árvore que além de sombra, represente a nova vida que hoje no escuro não sei dizer como é, mas que estranhamente creio e espero com certeza que melhor será.
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb