Tapa na cara do povo

Coleguinhas da imprensa panfletária (Folha de S. Paulo puxando a fila) estão culpando o presidente Jair Bolsonaro pela triplicação do dinheiro reservado aos partidos políticos. Nada disseram sobre a responsabilidade de deputados e senadores, que despudoradamente aprovaram essa fortuna. É como se dizia antigamente: tá chovendo? Muita seca? Culpa da autoridade.

Voltando à questão do fundo partidário, é preciso lembrar que o povo brasileiro não sabe votar, embora muitos digam o contrário, e diante desse analfabetismo eleitoral deputados senadores levam isso ao pé da letra: o povo não sabe votar, o povo não tem memória e, por isso, o povo que se dane!

A cada legislatura ‘nossos representantes’ em Brasília se fartam com o dinheiro público, aquele mesmo obtido através da cobrança de impostos. Se na eleição passada aprovaram R$ 2 bilhões para bancar campanhas e sustentar partidos políticos, agora se despiram completamente de qualquer traço de vergonha, se é que ainda existia algum, ao aprovar, para as eleições do ano que vem, recursos de quase R$ 6 bilhões.

Povo burro, que ainda vota, povo ignorante, que sempre elege os mesmos, merece esse tapa na cara dos congressistas.

Quando pegos em mal feitos na hora da prestação de conta dos gastos dessa bilionária quantia, logo sacam do bolso do paletó uma resposta pronta e que parece suficiente: as contas de campanha foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. E ninguém é punido. Os laranjas denunciados nos últimos pleitos, acabaram no esquecimento. Ninguém nem se lembra dos bagaços.

O texto aprovado na Câmara e no Senado segue agora para sanção do presidente Jair Bolsonaro, que pode aprová-lo, vetar alguns dispositivos ou vetá-lo integralmente. Mas, tudo indica, porém, que o texto irá passar sem alterações, já que praticamente toda a base governista votou pela aprovação. E neste País de mamatas e impunidades, não é comum o chefe do Executivo Federal vetar projetos de lei orçamentárias.

E por incrível que pareça, o PT, símbolo de tudo aquilo de ruim que fizeram ao País, é o segundo que mais vai se beneficiar com essa dinheirama: a bagatela de R$ 566 milhões. Pergunta lá pro Lula, pra Gleise, para todos aqueles que gostam de ostentar a estrela vermelha na lapela, se há, por menor que seja, a possibilidade de recusar esse ‘mimo’ com o dinheiro do trabalhador. Quem aparece na liderança é o PSL, que um dia foi partido do presidente Bolsonaro, com direito a R$ 567 milhões.

A aprovação do projeto se deu na calada da noite, enquanto povo incauto dormia. E a tramitação foi recorde: apresentado na manhã de quinta-feira (15), no mesmo dia aprovado pelas comissões mistas do orçamento, à tarde votado em plenário pelos deputados e, à noite, pelos senadores. Quando são discutidos projetos para resolver os problemas dos mortais brasileiros, não há vontade e nem agilidade.

Novamente é preciso adaptar uma frase que teria sido dita pelo escritor português José Saramago: “No Brasil não tem partidos de direita, de esquerda, de nada, tem um bando de salafrários que se reúne para roubar juntos.”