Sustentabilidade e a indústria do plástico

2030 é logo ali na frente e os compromissos da agenda com a ONU infelizmente não chegaram tão longe pelo mundo quanto gostaríamos. Os dezessete objetivos do desenvolvimento sustentável ainda não são populares. Quando se trata da cidade de Mairiporã, no entanto, signatária do compromisso global, felizmente os últimos três anos marcam os primeiros passos para um caminho que tenho certeza, tem colocado a cidade em altos patamares quando se trata do planejamento ODS.

Também a governança ambiental, social e corporativa – chamada política ESG, trazendo do termo originalmente em inglês, tem se tornado cada vez mais relevante, já que nós, consumidores, estamos mais exigentes com os produtos que buscamos. Aprimorar a consciência ambiental nos leva a cobrar mais das indústrias e sua responsabilidade e participação no compromisso com as metas.

Invariavelmente a indústria de embalagens plásticas costuma ser criticada, já que a preocupação vai de encontro ao volume do desperdício de plástico e a degradação que nos acostumamos a ver ao redor do mundo. No entanto, não se pode marginalizar e generalizar esse segmento da indústria, como se todas elas fossem irresponsáveis com o meio ambiente.

Vejamos: as embalagens plásticas representam uma parcela significativa dos resíduos plásticos e estima-se que apenas uma pequena fração delas seja reciclada pelo mundo. Quando pensamos Mairiporã como a cidade do plástico, já que o município concentra expressivo número de indústrias, então se faz necessário tomar medidas para reduzir este impacto.

O Poder Executivo local constituiu legislação própria para tratar da Agenda, bem como uma Comissão para discutir as políticas públicas ODS e tem dialogado com as indústrias, especialmente as do segmento do plástico, de forma a conhecer as práticas já realizadas e contribuir no fomento e adoção de princípios ESG.

O intuito é reduzir impactos ambientais e desperdícios, o que só é possível com a aplicação de processos de produção mais sustentáveis. Empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade, mais do que provado, podem atrair clientes potencialmente considerados conscientes quanto à preservação do meio ambiente.

Os produtores de embalagens plásticas cada vez mais podem buscar processos de produção sustentáveis, investimento em pesquisa e desenvolvimento de embalagens biodegradáveis. Parcerias destes setores com o poder público serão capazes também de aumentar as taxas de reciclagem, diminuir impactos ambientais, fidelizar suas marcas e consecutivamente melhorar seu desempenho financeiro.

Acredito que há um efeito cascata positivo na adoção de práticas sociais e princípios ESG. Por exemplo, com a inclusão de práticas trabalhistas justas, condições de trabalho seguras, promoção de diversidade e inclusão. Pode parecer muita coisa, mas ao demonstrar compromisso com a responsabilidade social, não há dúvida de que as empresas do setor de embalagens plásticas, geralmente marginalizadas, podem atrair uma base de clientes mais ampla, além de ganhar moral no mercado e engajar seus colaboradores e reduzir a rotatividade deles. No final das contas, melhoraria quanto aos resultados.

Sendo assim, todo mundo ganha: as indústrias, os trabalhadores, a cidade e principalmente a nossa casa: esse pálido ponto azul descrito por Carl Sagan.

 

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”