Soma de mais com mais

Dentre tantas, pelo menos duas questões momentâneas me chamam a atenção, ambas de deixar estampada a preocupação e até mesmo o espanto nestes tempos difíceis de viver e que não nos permite vislumbrar aquela luz de esperança no fim do túnel.

A primeira é com relação à segunda dose da vacina, que a maioria daqueles imunizados com primeira não volta aos postos de saúde para completar o que se convencionou chamar de ‘ciclo vacinal’.

Acho estranho esse comportamento das pessoas, pois é sabido que a Covid, agora com suas variantes e cepas (cada um uso o termo que melhor lhe convier), continua firme e forte, e que a segunda dose é necessária para dar os anticorpos necessários no combate à doença.

O que fazer para que aqueles que ainda não completaram a imunização o façam é tarefa para os dirigentes políticos, quiçá a marqueteiros dos respectivos governos: federal, estadual e municipal. E pelo visto os resultados tem sido pífios.

A segunda questão, que me causa mais intriga, é como a imprensa vai sobreviver quando a pandemia passar ou cair a níveis insignificantes. Falo daquela imprensa escandalosa, formada pelos grandes veículos, que fazem da doença o carro-chefe de suas programações e, no caso dos jornais, de seus conteúdos.

Também não ignoro que essa imensa Nação de desigualdades oferece temas aos borbotões e achar novos motes não é difícil, bem agora que as eleições presidenciais se aproximam.

Eleição + Bolsonaro + Lula + Supremo + Congresso. Apenas um parte do variado cardápio que a imprensa pode e certamente vai explorar em seu dia a dia e, como de costume, de forma espetaculosa.

Aquilo que realmente importa, no entanto, é tratado como material de segunda linha, ou seja, no máximo um canto de página nos jornais e uma nota sem ênfase nos noticiários da tevê. Coisinhas tipo desemprego + falta de renda + inflação alta + custo de vida pela hora da morte (trocadilho infame) + desabastecimento de água + racionamento de energia + falta de segurança.

O Brasil já passou por muitas crises, políticas e econômicas, mas enxergo com preocupação o que nos espera já a partir de 2022. E depois de um período de euforia do povo, parece que voltamos aos tempos da impunidade. Vide as últimas decisões do STF.

  

Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988