Só se vendo que beleza

Que privilégio poder ter crescido aqui. Por todo canto que passo as memórias afetivas me encontram. Eu poderia fazer o exercício de caminhar da rua Ipiranga até o final da Avenida Tabelião, passar pelo altar da Senhora do Desterro e descer pela rua XV e Coronel Fagundes até virar à direita na Antônio de Oliveira. Tenho certeza de que em cada esquina eu teria uma história para contar sobre uma lembrança de acontecimentos, de uma conversa nos últimos trinta anos. O solo que pisamos se torna sagrado na maturidade, pois é quando a gente começa a dar importância para as pequenas coisas e para os detalhes. A partida da minha mãe me trouxe uma nova visão sobre o tempo, já que esse nunca mais será o mesmo sem aqueles olhos castanhos por aqui.

A vila já chega a 134 anos e quanta gente passou por aqui. Esse é meu tempo de caminhar, espero que por muito tempo. A cidade anda bem diferente: agora temos um hospital próprio e além disso há muitas obras acontecendo. Inegável que o Prefeito Aladim tem promovido mudanças que a população esperava e que muita gente não conseguiu viver para ver ou viver para promover. Isso nos enche de esperança para uma cidade com mais oportunidades, aliás na minha primeira eu entregava jornais aos sábados nas ruas do centro. Aos poucos fui vencendo minha timidez e vejam que minha relação com o periódico começou cedo. Hoje tenho muito orgulho ao ver meu nome e rosto estampados no espaço que me cabe na página do Correio.

Os meus parabéns trazem um desejo de que Mairiporã não perca esse ar que vejo agora pela janela, enxergando as casas da Rua Brasil. Que ninguém nunca destrua essa visão do morro que leva até o pico do olho d’água e que de lado a lado parece uma pintura. Que a cidade bonita seja sempre o lugar aprazível, como na etimologia do seu nome e que de vez em quando a gente continue se sentindo em uma aldeia. Pitoresca nos ofereça liberdade para voar e motivos para voltar.

Eu só quero que Mairiporã, cada dia mais possa ser lembrada por fatos grandiosos: capital dos tijolos, do cinema brasileiro, vale da música, terra dos casamentos, seja o que for; mas que continue deslumbrante do nascer ao pôr do sol. Que quando falarem de nós, nunca mais seja para se referir aos loucos de um sanatório, mas que por aqui quem chegue veja que há trabalho e há descanso. Saibam que existe uma cidade que é um paraíso ao pé da serra, coladinha na capital e que tamanha beleza inspira e dá vontade de ficar.

 

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”