ESTUDO divulgado pelo Greenpeace, realizado através de imagens de satélite, indica um cenário preocupante em relação ao Sistema Cantareira. De acordo com os dados, da vegetação natural restou apenas 15%, enquanto 64,9% de toda a paisagem já foi alterada e 73% das áreas de proteção permanente (APPs, porção de terrenos particulares no entorno de rios, que deveriam ser preservadas) se encontram ocupadas por pastagens e plantios de eucalipto.
Um outro estudo, do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), revela que se a população da macrometrópole atingir 50 milhões nos próximos 30 anos, os investimentos para a correção dos passivos ambientais na região metropolitana ficarão elevados demais. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.
No estudo do Greenpeace foi observado o uso e a cobertura do solo, que vai muito além do entorno do reservatório – compreende mais de 288 mil hectares e 12 municípios.
Como as células de defesa de um organismo, as matas ciliares servem de filtro natural para que poluentes e detritos não cheguem aos rios. Para o ‘paciente’ Cantareira, cujo sistema imunológico anda baixo, os riscos imediatos desta pouca proteção são de erosão e assoreamento; eutrofização, causada pela contaminação por fertilizantes e agrotóxicos usados em plantações e pastagens e poluição por esgoto doméstico.
Matas – Segundo o pesquisador Leandro Tavares Azevedo Vieira, doutor e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que conduziu o estudo, há outro risco da eliminação da floresta, que é a perda da função ecossistêmica de regular o clima e o fluxo hidrogeológico, que pode se refletir em menor ocorrência e aproveitamento das chuvas.
“O Sistema Cantareira continua vulnerável e não são canos e dutos de interligação que evitarão uma nova falta d’água no futuro. O governo do Estado precisa cadastrar adequadamente as propriedades rurais e incentivar a recuperação florestal nas áreas essenciais de proteção. Sem floresta não tem água”, diz Fabiana Alves, da Campanha de Água do Greenpeace.
Fonte: estadao