Sentando na janelinha

Ah, com certeza você conhece a expressão popular que dá nome a este texto. Deixo aqui minha reflexão para casos em que o sujeito, além de sentar na janela, é tão esnobe que a hipocrisia lhe parece normal. Não é insanidade. Bestas somos nós, pois esse tipo de gente sabe ser bem espertinho. São os primeiros a dizer que o cliente tem sempre razão. Prontos a declarar o que as pessoas querem ouvir e não o que precisam escutar para que possam crescer com a verdade.

A subserviência, principalmente a exagerada, anda me enchendo o saco na convivência. Ainda bem que minha irritação dura pouco, já que tenho muito o que fazer e nem posso me dar ao luxo de perder tempo com quem não merece ou em algum lugar pouco atraente de se ficar.

Falo dos que acham que história, amizade e consideração são itens que se encontram nas prateleiras dos supermercados, como se fossem mercadorias, que uns sorrisinhos que qualquer puxa-saco esparrama por pouca coisa atribuíssem valor afetivo e tornassem alguém seu melhor amigo instantaneamente.

Chegou ontem e hoje já aparece cheio de direitos. A prontidão só não é maior que seu interesse e cada gesto está marcado na listinha, para que na hora certa possa cobrar os juros compostos com correção monetária e se possível com indenizações por danos morais.

Ah, ofídias! Rastejem, pois quero vê-las esmagadas as cabeças, que é o que cabe as peçonhentas. E o diabólico amarelo dos seus dentes possa em tempo ranger com a trepidação da terra, que o esmalte das saliências desçam a seco pela garganta a ponto de se engasgar com suas mentiras. Juro, não é praga. Nem quero. Só conto com a justiça, essa sim a certeza dos homens de fé.

Na janela tem lugar, mas a viagem é longa e os que chegarem a estação, certamente não serão os de mentira. Negócio a qualquer preço e cobrar qualquer coisa não traz lucro. Atrai o mesmo interesse que na troca, vai favorecer os mais fortes. Quem viver, verá!

 

Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb