Sem representação política, a cidade patina no repasse de recursos

DIANTE de um cenário de instabilidade nas contas públicas, Mairiporã ainda é uma cidade que vive de ‘pires na mão’ na busca de recursos de outras instâncias governamentais, além de perder verbas que poderiam ser vinte, trinta vezes maior que as conseguidas através de emendas parlamentares, não só através da Câmara dos Deputados, mas também no Governo do Estado.
Enquanto cidades da região, em especial Franco da Rocha, Caieiras, Atibaia e Bragança Paulista conseguem transferências sempre acima de R$ 1 milhão para investimento em diversos setores, Mairiporã vive de emendas que raramente chegam a R$ 200 mil.
Esse retrato é resultado da falta de coesão e visão política na hora de eleger deputados que assumam compromisso como contrapartida nos votos recebidos na cidade. Em reportagens já publicadas, o jornal identificou que mais de 200 candidatos a deputado estadual e mais de100 federal, recebem votos na cidade, ou seja, uma pulverização inaceitável e que não traz nenhum retorno político e financeiro ao município.
União – Quando não há candidaturas próprias em condições de vencer, as cidades no entorno de Mairiporã procuram unir forças em torno de poucos candidatos que, em caso de vitória, trabalham na busca de dinheiro para auxiliá-las.
Atibaia, por exemplo, que já teve dois deputados estaduais e não os tem mais, se uniu a Bragança no apoio a Edmir Chedid, que tem liberado milhões de reais do Estado para ambas. Esse caminho jamais foi experimentado pela classe política em Mairiporã. Deputados federais bem votados nos dois municípios, dois ou três, também despejaram muito dinheiro através de emendas parlamentares.
Nas eleições de 2014, três deputados tucanos levaram de Mairiporã boas votações, porém não se lembraram disso nos últimos quatro anos. As emendas parlamentares desse trio foram ínfimas e um deles nem se deu ao trabalho de colocar a cidade em sua lista de prioridades.
Fatores – Liberar recursos do Estado ou da União depende de uma série de fatores. Entre eles, indicações dos deputados, interesse e situação documental da Prefeitura ou entidade, e apresentar projetos consistentes para utilização do dinheiro.
O montante a ser liberado não depende apenas da vontade do governante, mas também do cumprimento de regras estabelecidas e do interesse do deputado.
Sem condições de eleger um candidato próprio e insistindo na pulverização dos votos, Mairiporã seguirá patinando na hora de buscar recursos, na contramão de seus vizinhos, que se desenvolveram muito nos últimos anos, enquanto os governos locais não tiraram os olhos dos próprios umbigos.
Se comparado o total de recursos destinado às cidades da região, Mairiporã recebeu, com muito boa vontade, apenas esmolas.
E pelo que se vê na movimentação em torno do pleito deste ano, a receita dos políticos locais seguirá sendo a mesmo. Não sem razão, portanto, que a cidade não se desenvolve e acumula problemas que parecem insolúveis.