Sem dinheiro e sem representatividade

Há pelo menos 40 anos Mairiporã não tem representatividade no Legislativo paulista, ou seja, Assembleia Legislativa. Nem é bom falar em Câmara Federal. Ainda na década de 1960, o então prefeito Luiz Chamma contava com o apoio do deputado Nabi Abi Chedid, que durante muitos anos dotou a cidade com recursos do Estado. Um pouco depois, no início dos anos 1970, Chamma também conquistou verbas através do deputado Silvio Fernandes Lopes. Depois disso, nada mais. Só promessas ou como dizia um antigo político local, ‘verbinhas’ que não fazem cócegas.
Ano após ano, eleição após eleição, a falta de representatividade de Mairiporã nas esferas estadual e nacional tem se repetido, com uma receita que até aqui parece infalível aos espertalhões: dezenas de candidatos aparecem, arrumam políticos (prefeito, ex-prefeito, vereadores e ex-vereadores, com direito a presidentes de partidos no pacote) que são transformados em cabos eleitorais, levam os votos e desaparecem.
O resultado dessa equação é catastrófico: a cidade patina na conquista de recursos, não resolve seus problemas estruturais, não tem dinheiro para investir em obras necessárias e aguardadas e assiste as cidades vizinhas progredirem por meio exatamente desses recursos de origem parlamentar.
Nas eleições de 2014 o atual prefeito, Antônio Aiacyda, apoiou abertamente dois deputados: Fernando Capez e Miguel Haddad, a estadual e federal respectivamente.
O primeiro levou quase 5 mil e o segundo mais de 3,5 mil votos. Nem é preciso dizer que ambos sumiram, nunca deram as caras e não deram um mísero centavo à cidade. E isso se deve a um de dois motivos: ou seguiram a receita de centenas de outros candidatos ao longo das décadas, de não se lembrar da cidade, ou consideraram que a paga dos ‘cabos eleitorais’ era mais que suficiente.
Ano que vem, a exemplo de todo o País, Mairiporã voltará às urnas para novamente eleger deputados. Seria bom que os eleitores tivessem consciência e vergonha na cara para não dar o voto a picaretas e aventureiros que aqui aportam por obra de políticos inescrupulosos que pensam apenas nos próprios bolsos.
Nenhuma cidade da região regrediu tanto nos últimos dez anos quanto Mairiporã. O desenvolvimento da vizinhança deve ser creditado na conta de deputados que trabalharam por eles. E não foram ‘verbazinhas’ como dizia o antigo político.
Infelizmente a cidade não tem dinheiro e muito menos representatividade. Mas tem cabo eleitoral sem vergonha que certamente vai aparecer no ano que vem pedindo voto a salafrários de igual calibre.