Sem coligações, partidos intensificam ‘temporada de caça’ a pré-candidatos

O FIM das coligações proporcionais para as eleições municipais no próximo ano, a primeira após mudança na legislação, é tratada como grande novidade pela classe política de modo geral. Não é mais permitido que os partidos se unam para eleger vereadores e isso tem movimentado os bastidores da política em Mairiporã, que buscam líderes comunitários que possam, lá na frente, cooptar o eleitor em suas bases.
Em meio a um cenário de descrédito da classe política, a palavra de ordem dos ‘caciques’ partidários é montar uma chapa forte, capaz de atrair o mairiporanense para a urna e mais do que isso, angariar o máximo de votos. Neste sentido, isso tem mexido no tabuleiro político local, com a procura de novas figuras para ir às urnas.
O fim das coligações, que passa a valer em 2020, não é algo que esteja fora da ‹conta› dos políticos. Isso porque, sua regulamentação ocorreu no ano de 2017 em meio à discussão da chamada Cláusula de Barreira ou Desempenho aos partidos – que já valeu ano passado -, e, portanto, as legendas tiveram tempo para se adequar a mudança.
Na prática, as coligações permitiam que os partidos nanicos e sem candidato próprio doassem seu tempo de televisão aos candidatos de partidos grandes, enquanto nas cidades pequenas serviam de ajuda para que partidos melhores estruturados elegessem parlamentares, como se viu em Mairiporã em 2016.
A expectativa é de que fique mais difícil eleger um vereador em Mairiporã. Mas, na análise de especialistas em marketing político e eleitoral, essa melhora na democracia não é bem assim, pois a medida privilegia os partidos mais bem estruturados em detrimento dos menores.
São unânimes em afirmar que para vereadores, principalmente, vai ficar mais difícil sem a possibilidade de coligação. Mesmo os partidos médios, sem união com outro, vão comemorar muito se elegerem apenas um. “Vão acabar colocando muita gente para trabalhar, um monte de candidatos que não vão chegar e será eleito, no máximo, o primeiro nome da lista”, afiançou um dos especialistas. Disse mais: “Praticamente será a eleição de um só. Se tivessem coligados, pelo menos somariam os votos”, conclui.
Majoritário – Outra imposição que se vislumbra sem a coligação é que os partidos que não tiverem candidatos ao pleito majoritário (prefeito) terão mais dificuldades na eleição proporcional (vereadores).
Outro problema apontado tem relação com as legendas representadas na Câmara. Esses também vão enfrentar tempos difíceis, pois não será fácil convencer pessoas a formar na chapa de candidatos a vereador, sabendo de antemão que saem em desvantagem. A impressão que passa é que vão servir de ‘escada’ para quem já está no cargo.
Nos bastidores, os partidos trabalham para montar suas chapas. Ao menos nas maiores legendas de Mairiporã – as quatro que possuem o maior número de vereadores na atual legislatura – PSDB, PSC, PV e PSD -, está aberta a temporada de ‘caça a pré-candidatos’.
O perfil de lideranças procuradas varia desde alguém que tenha vínculo com a comunidade, credibilidade e compromisso, mas não precisa ter ‹conteúdo›. O que o pré-candidato pensa, ou seja, suas ideias ou propostas não tem relevância para partidos representados na Câmara. Conta tão somente os votos que pode agregar à legenda.
2016 – Se nas eleições de 2016 o artifício das coligações já estivesse proibido, apenas quatro agremiações políticas elegeriam vereadores, com base no coeficiente de 3.139 votos: PSDB (8.502), PV (5.396), PSD (5.259) e PSC (4.647). Não teriam sido eleitos Doriedson de Freitas (Rede), Éssio Minozzi Júnior (PDT), Alexandre Boava (PPS) e Gusto Forti (PTB).
A disputa eleitoral no ano que vem permite que cada partido lance 20 candidatos (1 vez e meia o número de cadeiras em disputa, que em Mairiporã são 13), dos quais 6 obrigatoriamente terão que ser mulheres.