Sem alternativa

Nenhuma ação política ocorre sem consequências. E traz consigo um pesado ônus. As justificativas, quando se trata de aumento de preços, trazem em seu bojo explicações com absoluta falta de credibilidade.

Se antes, a Petrobras já reajustava quase de semanalmente os preços dos combustíveis, tendo o dólar e o mercado internacional como responsáveis, agora com a guerra a coisa degringolou de vez. Com o barril acima dos US$ 100 logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia, as economias mundo afora acenderam o sinal vermelho, pois o efeito cascata com a correção dos combustíveis vai chegar a todos os setores da economia. Assusta desde os governantes e a classe mais abastada, até o mais humilde dos cidadãos.

O aumento dos combustíveis na semana passada, nunca antes visto, ocorreu no momento mais inoportuno, pois é visível a possibilidade de uma estagflação, fenômeno que combina estagnação econômica com aumento de inflação.

Se gasolina e diesel disparam, o resultado é que toda a cadeia que depende do transporte desencadeará aumentos em todos os setores, como alimentos, serviços, impostos e taxas. Nesse pacote, também os que dependem do transporte público, pois o preço das passagens não escapará. É só uma questão de tempo.

Não se pode esquecer que o governo tem feito muito pouco para acalmar o mercado e algumas das declarações provocam insegurança. E a população, preocupada, prepara o bolso, pois a conta sempre chega.

Por outro lado, é bom entender que o governo central está entre a cruz e a espada, pois qualquer decisão que venha a tomar no controle de preço dos combustíveis, vai causar danos irreparáveis ao mercado de capitais, o que seria um desastre no chamado mundo globalizado.

Mesmo que a guerra termine antes do que se imagina, dificilmente o Brasil sairá incólume de todo esse processo. O brasileiro se viu incrédulo com o aumento dos combustíveis e do gás de cozinha, que vai impactar na vida de todos. Alternativa ao alcance de todos os segmentos, não se vislumbra.