Sem água e com apagão

O quadro hídrico que se configura em todo o País parece assustador e as muitas notícias sobre a necessidade de racionamento de água e de energia elétrica tem obrigado, ainda que lentamente, as autoridades do setor a elevar o tom quanto ao consumo por parte da população. Embora estejamos num planeta que tem mais de 70% de sua área coberta por água, isso não significa que esse precioso líquido esteja disponível em abundância. Longe disso.

A estiagem, pelo que temos visto e ouvido nos noticiários, está castigando todas as regiões brasileiras, sem exceção, e alcança especialmente as áreas onde se localizam as principais represas e hidrelétricas. Vem daí os alertas que se tem ouvido diariamente, com a ameaça de que vai ser necessário racionar a água e a energia elétrica.

As hidrelétricas estão à mingua e o uso das termelétricas, que produzem energia a preços proibitivos, já assumiram o protagonismo para garantir que ela não falte. Mas não há garantia de que o racionamento não vá ser adotado. E sem chuva, pode muito bem ocorrer a qualquer momento.

O mesmo vale para a água. Mairiporã, por exemplo, tem uma das represas do Sistema Cantareira, e chuva por aqui não aparece faz tempo. Uma ou outra garoa, que não resolve e que já reduziu o volume de água a níveis preocupantes.

O consumidor, sem que exista necessidade de se recomendar, deve adotar providências domésticas mais duras e reduzir o consumo de água e luz. Irrigar gramados ou jardins, lavar calçadas, ruas, varandas, pátios, quintais e veículos, nem pensar! O mesmo vale para chuveiro, ferro de passar e aquecedores.

O fantasma do apagão e das torneiras secas ronda novamente a população, seja ela rica ou pobre.

Segundo as autoridades, todo o sistema tem sido monitorado diariamente, tanto as bacias hidrográficas quanto as hidrelétricas, e o alerta é para o risco de desabastecimento, principalmente no início de 2022.

Há cidades aplicando pesadas multas aos cidadãos flagrados fazendo uso abusivo da água. Em Mairiporã ainda não ouvi falar sobre essa questão, mas mesmo com a represa cortando boa parte da cidade, o risco de racionamento existe. Hora de economizar e pensar no amanhã.

Num planeta com muita água, pode-se morrer de sede.

 

Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988