Há pelo menos 15 anos este jornal publica mensalmente as estatísticas da criminalidade e violência na cidade, cujos resultados são sempre crescentes. Pode até se dizer que há relação com o momento econômico e social do País, mas a justificativa não pode ser usada como desculpa para a inércia do Poder Público em dar segurança à população.
Mesmo em momentos em que a economia apresentava resultados positivos, com geração de emprego e renda, o volume de crimes crescia e em muitas ocasiões se tornaram graves e até mesmo trágicos.
Mairiporã tem problemas em sua área de Segurança desde sempre. Seu diminuto efetivo, que já foi maior nos anos 1980 em relação aos habitantes que possuia, é um dos ingredientes que impedem o desenvolvimento de um melhor trabalho. Se o efetivo na Polícia Militar é pequeno, assim como a falta de viaturas e equipamentos, a Polícia Civil também padece desses mesmos males.
Reportagem publicada nesta edição mostra que Mairiporã é a segunda colocada, dentre cinco cidades, em que o aumento de roubos (sem levar em conta outros tipos de ocorrência) é constante e os próprios números da Secretaria de Estado da Segurança Pública mostram isso em seus relatórios. No primeiro quadrimestre deste ano, na comparação com o mesmo intervalo de tempo de 2021, os roubos cresceram 21%.
A sensação de impunidade chegou a tal ponto que os bandidos já não se importam com testemunhas. Miram aquele mais distraído ou de fácil acesso, trabalhadores que retonam de seus empregos e lhes tomam aquilo que nem chegou a ser totalmente pago ou que contém memórias e dados importantes.
O celular, há muito tempo, deixou de ser usado somente para ligações. E a considerar que, em inúmeros casos, as vítimas já nem se lembram do número de vezes em que tiveram seus aparelhos roubados, porém com o ônus de quitar as parcelas do bem mês a mês. Há casos em que a vítima foi assassinada por causa de um celular.
Ações dos bandidos, que chamavam a atenção da polícia, como sequestros relâmpagos, foram substituídas por um trabalho de ‘menor porte’, com maiores chances de escapar e com resultados financeiros também interessantes.
E a velha indagação, a cansativa cobrança são as mesmas: onde estão as instituições ligadas à Segurança Pública? E diante daqueles expostos a furtos e roubos, resta a certeza de que, em Mairiporã, não há policiais suficientes para atender a demanda.
Mesmo com uma população cética, sempre resta uma ponta de esperança que alguma melhora na oferta de segurança possa ocorrer. Por outro lado, esse problema parece insolúvel.