Secretarias e setores da administração empacam na burocracia

NÃO ter independência dentro do governo não é novidade para as secretarias e vários setores da Prefeitura de Mairiporã. A concentração de poder do prefeito é algo duradouro e arcaico, como prejudicial ao desenvolvimento das ações e das ideias dos secretários. Aliado a isso tudo, a falta de dinheiro, a crise política e a visão estreita daquele que manda e tem a caneta.
Também não se pode ocultar que a estrutura da máquina pública de Mairiporã é anacrônica, burocrática e muitas vezes se vira na base do improviso. Nada disso é novo na administração local. A prática vem de décadas. O que impera é o uso contínuo do ditado ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’, ou no caso, quem precisa do cargo.
Passado um ano e meio do terceiro mandato, o Correio avaliou a atuação das seis secretarias com maior orçamento. Os principais obstáculos enfrentados pelos secretários são colocados, ironicamente, pelo próprio setor público.
A reportagem apurou queixa generalizada dos ocupantes do primeiro escalão a respeito da lentidão dos processos administrativos, fruto do excesso de obrigações procedimentais que permeiam compras, licitações e políticas públicas em geral. Ações de governo costumam demorar meses indo de uma secretaria à outra, não sem antes passar pelo gabinete do prefeito.
O resultado está na ocorrência de sucessivas crises motivadas pela demora.
Igualmente lentas são as requisições e cotações de preço para compras em geral. E isso tem reflexos negativos em áreas prioritárias do governo, como Educação e Saúde.
Não se pode esquecer, ainda, a sucessão de leis e obrigações, a maioria criada na década de 1990, além de rumores constantes de fogo amigo em vários setores administrativos.
Não fala – Se o prefeito é ou não um crítico feroz da legislação e da forma como toca a máquina pública, não se sabe. Ele não fala, embora seja criticado por ser o responsável pela marcha lenta em processos mais complexos. Também não se manifesta quanto à necessidade de se modernizar o setor público, nem revisar os procedimentos para que a população visualize as ações do governo.
Passadas duas décadas, pelo menos, o quadro de servidores dá sinais de esgotamento diante da precariedade reinante. E também o secretariado, que tem desempenhado com louvor, é bom frisar, o papel de rainha da Inglaterra.