Saudações tricolores

Pois é, o São Paulo Futebol Clube é o grande Campeão do Brasil em 2023 e o centro da cidade parou para a comemoração na noite do último domingo. Tão logo o árbitro apitou o final da partida já era possível ouvir as buzinas pelas ruas e muita gente ficou no cruzamento da Av. Antônio de Oliveira com a Avenida Tabelião Passarella, como nos velhos tempos. E podemos dizer velhos tempos, pois o clube não ganhava um título de expressão desde 2012, quando conquistou o título da Copa Sul-americana.

Particularmente me veio à lembrança dois momentos: um bom e outro ruim. Começando pelo ruim, me recordo da noite na final da Copa Libertadores em 1994. Naquele dia, o tricolor seria tricampeão da América em uma sequência fantástica e justa. No entanto um lamentável erro de arbitragem levou a partida para os pênaltis, mesmo com a vitória por um gol, o Morumbi lotado acabou assistindo a uma dolorosa derrota para o Vélez Sarsfield, cheio da “catimba”, infelizmente comum aos times argentinos, principalmente na década de noventa em que as arbitragens pintavam e bordavam em cima dos brasileiros.

Lembro muito daquela noite e de ver as bandeiras naquela mesma esquina. Eu morava próximo dali e em casa a gente tinha uma pequena televisão de tubo e as cores eram somente preta e branca. Provavelmente o aparelho UHF em cima dela teria algum pedacinho de palha de aço, de forma a melhorar o sinal, principalmente porque nossa casa era um pequeno porão.

Durante anos eu acreditava que a faixa no peito do Vélez era preta. Quando anos depois eu vi pela primeira vez o azul, foi completamente estranho e contraditório comparada às minhas memórias de um garoto de 12 anos na época.

Falando da lembrança boa: o título Paulista de 2005. O ano da tríplice coroa, pois vencemos além do paulistão, a libertadores e o mundial interclubes no Japão. Uma sequência de dar inveja. Há quem não tenha mundial até hoje e o time da fé ostenta três estrelas vermelhas em seu uniforme. No início daquele ano a final do campeonato estadual também levou muita gente eufórica ao centro da “vila”. Já naquela época falávamos que o São Paulo tem mais torcida em Mairiporã. Eu era um jovem, pai já naquele ano e lembro que foi uma bagunça, chegando a ter desordem quando retiraram uns abacaxis de um caminhão que passou e começaram uma melada guerra de frutas marcando de nódoa o asfalto na esquina.

Demorou, mas no domingo último pude reencontrar muitos são-paulinos. Uns que eu não lembrava, outros que eu não sabia. Novos ou tiozinhos como eu, com suas famílias em uma festa bonita em três cores e muitos gritos que estavam entalados na garganta. Importante dizer que ao São Paulo faltava essa taça na galeria, mas que há uma razão também histórica para isso e que não é somente a fase ruim dos últimos anos. Ocorre que a Copa do Brasil passou a ter relevância em período mais recente, vindo a se tornar a maior premiação do futebol brasileiro.

A presença na Libertadores sempre foi constante ao time do Morumbi, o que na maior parte das vezes o afastou da disputa pelo título desta competição que até então significava algo menor nos parâmetros de competições nacionais.

Agora o negócio é sério e estava na hora do maior vencedor do país do futebol conquistar seu lugar de direito dentre os campeões do Brasil. A torcida sempre fez bonito e conduziu a equipe mesmo em momentos de grande dificuldade e como em roteiro de filme, vencemos grandes rivais até o apito final apoteótico por todo país e, claro, em Mairiporã não seria diferente. Meu manto é vermelho, preto e branco e meu escudo é um coração de cinco pontas tricolor! Parabéns campeões! Vamos São Paulo!

 

 

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”