Dia 14 de fevereiro comemora-se o dia de São Valentim. Confesso que a primeira vez que ouvi falar desta data foi no seriado de televisão “Chaves”, que na minha infância era transmitido pelo SBT. No episódio em questão, os personagens buscam expressar seus sentimentos e as confusões típicas da série não ficam de fora. Uma mistura de humor com dose de afeto, no qual os personagens tentam mostrar que se importam uns com os outros, seja com gestos simples e em meio a trapalhadas.
A época me lembro de ter associado a data a comemoração que conhecemos como “dia dos namorados”. A origem do Dia de São Valentim remonta ao século III, na Roma antiga. São Valentim foi um sacerdote que desafiou a proibição de casamentos entre jovens, ordenada pelo imperador, que acreditava que soldados solteiros eram mais eficazes em batalha – talvez, para aqueles que não conheciam o amor, a guerra fizesse mais sentido. Mas Valentim ignorou as ordens do império e continuou a celebrar casamentos secretamente, por isso acabou sendo preso e executado no dia 14 de fevereiro.
A história de São Valentim também está entrelaçada com lendas e superstições. Há relatos que ele teria enviado uma carta para a filha do carcereiro, que era cega, e que a carta foi assinada “De seu Valentim”, o que pode ter inspirado a tradição de enviar cartões no Dia de São Valentim.
Na Idade Média, especialmente na Europa, a data passou a ser associada ao amor romântico – em parte devido ao conceito de “amor cortês”, o chamado amor idealizado e poético. Na época, as pessoas costumavam se enviar bilhetes, poemas e pequenas lembranças como formas de expressar seu afeto. E foi a partir do século XX, com a exploração comercial das empresas, que a data se consolidou tal qual a conhecemos hoje, com a troca de presentes, flores e cartões – o capitalismo viu no “amor” o seu potencial financeiro.
Em que pese todo o contexto comercial da data, importante relembrar a real intenção da celebração deste dia: as conexões humanas, o afeto mútuo e a coragem de amar. O verdadeiro espírito de São Valentim vai além dos presentes, dos cartões e das flores. Ele está enraizado na ideia de amor genuíno e compaixão. Além disso, o verdadeiro legado de São Valentim não está apenas na história de um sacerdote que desafiou o império, mas em um convite para todos nós: tenham coragem para amar, em todas as suas formas e em todos os momentos da vida.
A coragem de amar é sobre agir com o coração, ser autêntico e ser vulnerável. Não é sobre perfeição, mas sobre se entregar de forma genuína. É sobre aceitar o outro como ele é e se permitir ser aceito também. A coragem de amar é perdoar e acreditar no outro, mesmo diante de falhas e imperfeições. É também sobre a coragem de recomeçar, se preciso for, de enfrentar os próprios medos, de sair da zona de conforto e de dar-se a alguém sem reservas – mesmo quando a vida já lhe feriu por isso outras vezes.
E como sempre digo, prefiro viver assim – sei que sou mais feliz desta forma… com coragem para viver, amar e recomeçar. E você, caro leitor, pode até não gostar de datas como a de São Valentim, mas desejo, de verdade, que na vida você tenha coragem de amar também. Afinal, no fim das contas, o amor que exige coragem é o que mais vale a pena.
Drielli Paola – @drielli_paola. Servidora Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bacharel em Direito, com pós-graduação e extensões universitárias na área jurídica. Entusiasta de psicologia, história, espiritualidade e causa animal. Apaixonada pela escrita.