Salafrários que roubam juntos

Em mais uma publicação da Transparência Internacional, em que os países são avaliados pelo Índice de Percepção da Corrupção, o Brasil se destaca entre os que mais praticam roubo ao dinheiro público, dentre outros delitos.
No resultado de agora, o País aparece na 106ª posição, dentre 180 nações avaliadas no ano passado. O relatório não poupou nem mesmo o governo Jair Bolsonaro, classificando-o como entrave ao combate à corrupção, a ‘interferência política’ em órgãos de controle e paralisação de investigações, como aquelas que utilizavam dados do Coaf. E citou nominalmente o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, que em julho do ano passado determinou a paralisação das investigações criminais que utilizavam dados do Coaf e outros órgãos de controle sem autorização judicial prévia. “A ação praticamente paralisou o sistema de combate à lavagem de dinheiro do País”, diz o órgão.
Isso em bom português quer dizer o seguinte: “se pegar político com a boca, a mão e outros membros na botija, paralisa qualquer investigação. O pessoal do Supremo adora isso. Uma remediada ocorreu em novembro, quando mudaram o entendimento acerca do Coaf.
Nos anos anteriores as posições do Brasil também foram medíocres: 105ª em 2018 (já com Bolsonaro) e 96º em 2017, no governo Michel Temer.
E veja o amigo leitor a gravidade da coisa: O Índice usa uma escala de 0 (altamente corrupto) a 100 (muito íntegro) e o Brasil aparece com 35 pontos, que o leva à categoria de corrupto, prática que se tornou “um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento econômico e social”.
A Transparência Internacional vai além: frisa no relatório como negativo o chamado “inquérito das fake news” do Supremo, determinado por Toffoli e coordenado pelo ministro Alexandre de Moraes, que busca investigar notícias falsas disseminadas e ataques virtuais a ministros da Corte. “Um inquérito ilegal que secretamente buscava constranger agentes da lei”, afirma.
E claro, não se esqueceu do calamitoso roubo contra o povo através do ‘financiamento de campanha eleitoral’.
Isso tudo nos leva a crer que está no DNA do político e em alguns outros segmentos em todos os quadrantes da Nação, ser corrupto. E vai desde o mais humilde dos municípios até os altos escalões da República. Ou seja, pacote completo: vereadores, deputados (estaduais e fedeais), senadores, governadores, ministros, secretários estaduais e o presidente da República. E pode ser de direita, de centro ou de esquerda.
A frase do escritor José Saramago é perfeita para retratar o que realmente é a prática política neste País: “Brasil não tem partido de direita, de esquerda, de nada, tem um bando de salafrários que se reúnem pra roubar juntos.”