Respeitável público…

Há no Brasil uma parte da imprensa que acredita em debate televisivo sobre candidatos a cargos eletivos. Quanto maior o cargo em disputa, maior a importância que dão a eles. Particularmente, não acreditamos que neste País de maioria incauta e que pouca ou nenhuma importância dá às discussões dos problemas, tenha nessa ferramenta de campanha política um ingrediente a ser levado em conta na hora do voto.

Os debates televisivos não discutem ideias, não visam esclarecer absolutamente nada. São espetáculos deprimentes em que a vida pessoal dos participantes é despida sem qualquer constrangimento, os ataques de baixo nível são mais importantes e a excessiva carga de mentiras é prato pronto.

Um novo ingrediente foi acrescentado a esse cardápio nos últimos dias: agressão física, como visto no embate à prefeitura de São Paulo. Cadeiradas agora integram o rol dos elementos disponibilizados no palco da emissora de TV, transformado em picadeiro.

A imprensa brasileira, quando o assunto é eleição, seja ela presidencial ou para escolha de vereadores, sonha que os debates vão alcançar o status que essa ferramenta de campanha tem nos Estados Unidos. Aquele glamour todo das emissoras norte-americanas, o engajamento dos correligionários e o restrito número de candidatos, não são elementos disponíveis no Brasil. Na terra do Tio Sam não tem uma enxurrada de candidatos, não tem a Rede Globo e muito menos William Bonner, o que convenhamos, já é uma vantagem e tanto.

Com o advento da cadeira, que deveria ser apenas um acessório a compor o cenário, os debates eleitorais tendem a caminhar para um espetáculo ainda mais deprimente, com ‘gladiadores’ como protagonistas. O diminuto público que se dispõe a assisti-los, pouca ou nenhuma atenção dá aos temas propostas, e agora, além dos xingamentos e trocas de ‘gentilezas’ pessoais, ficará à espera de que não só uma cadeira, mas outros elementos cenográficos voem de um lado a outro nos palcos/picadeiros.

Também não podemos nos furtar a dizer que além das audiências quase próximas de ‘zero’ e do pouco preparo de quem produz o que deveria ser, na essência, um debate sério e esclarecedor, há o ingrediente que em um picadeiro de circo há palhaços. Diferentemente daquele que diverte, que faz rir, que encanta as crianças, em debates eles são adredemente preparados para mentir, fingir, enganar, travestidos de paladinos justiceiros, que em bom português são conhecidos como ‘candidatos’.

Todos os debates, doravante, deveriam ser abertos com a mais icônica das frases afeta a picadeiros: ‘respeitável público…’