Será que a idade vai deixando a gente chato mesmo? Minha esposa diz por vezes que sou nervosinho e sem paciência. Claro que considero um grande exagero da parte dela. Fato é que como suspeito que sou analisando a mim mesmo, acredito apenas que se trata de praticidade. Avançando na quarta década, otimizo as coisas. Tanto no pensamento quanto nas atitudes, pois meu tempo é meu grande ativo.
De fato fico irritado com pessoas que buscam nas respostas fáceis o consolo para as obviedades. Já escrevi aqui sobre velórios eternos e pessoas com a morte celebrada ano a ano nas redes sociais. Eu morro de saudade da minha mãe, e por vezes lerão aqui a respeito desses sentimentos, mas sem ser pedante e parecer que necessito que alguém venha afagar minha cabeça todas as vezes. Falarei de saudade, pois essa é eterna. Já minha mãe, precisou partir como um dia chegará minha vez.
Não quero com isso, parecer frio e insensível, mas de que adianta eu ficar o resto da minha existência me lamentando. Prefiro me consolar pensando nos tantos anos que tivemos e quantos momentos maravilhosos, ao invés de pensar que no próximo mês ela estaria completando tantos anos. Estaria e completaria são verbos conjugados no futuro do pretérito. Se diz respeito a algo que aconteceria, com certeza ao mesmo tempo afirma que não se concretiza.
A razão de falar das respostas fáceis é a conclusão que respeito a religiosidade e as crenças de quem quer que seja, mas tenho pouco assunto quando começam a tecer explicações “religiosas” nas vertentes que explicam tudo e que se recusam por exemplo a fechar ciclos. A morte, penso que encerra esta existência.
É duro sentir falta de quem se foi e ir em frente, mas andar atrás de explicações mágicas ou então levar tudo para o campo do sobrenatural é quase um subterfúgio infantil de quem simplesmente não aceita as coisas como são.
O que tem de adulto levando relação com Deus com infantilidade, me impressiona. Como se Deus fosse o dono de uma vendinha onde funciona a velha barganha ou ainda como se tivesse que fazer tudo como se espera. A vida sendo levada como se não existissem imperfeições. Pois é, a vida dá certo e dá errado e para tudo é preciso tanto o sim quanto o não. Tudo bem, eu da mesma maneira demorei a compreender tudo isso e quando compreendi já estava passando da hora.
Para concluir, quero lembrar o processo de “despamonhalização”, que além de um neologismo representa bem a busca pelas respostas fáceis. As pessoas perderam a noção do trabalho até o resultado. Há uma geração que viu o dinheiro sair pelo caixa eletrônico sem entender como foi difícil que pudesse chegar até aquela máquina. Hoje ainda que acabaram as cédulas e o dinheiro é somente um número, ficou pior.
Antigamente, para comer uma pamonha era preciso viver o tempo da colheita. De ferir as mãos para recolher e ensacar as espigas. Depois a criançada sentava em círculo para tirar as espigas que podiam até virar uma boneca. Vinham então as horas na água quente. Como dava trabalho! Minha mãe também fazia pamonha e quando a gente provava bem quentinha no final da tarde, acompanhado de um cafezinho preto, tínhamos a certeza de quanto esforço carecia para chegar naquele ponto do prazer daquele sabor.
Foi assim que descobri que respostas fáceis não me convencem, que dinheiro fácil não existe, que vitória sem suor não é verdadeira, que as coisas muitas vezes também dão certo para quem não merece e que Deus sempre abençoa quem trabalha.
Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”