Reforma tributária

Os governos da República, desde Deodoro da Fonseca, buscam trilhar caminhos mais fáceis para a solução de inúmeros problemas, sejam eles econômicos, de saúde, de geração de emprego, educacionais, enfim, todo o portfólio de responsabilidade federal.

E novamente isso se observa com o programa recém-criado por Lula, para baratear o custo dos automóveis, que as montadoras devem construir sob a pecha de ‘populares’, aqueles mesmos vistos décadas atrás, que os próprios fabricantes se encarregaram de ‘depenar os acessórios’ para que o custo compensasse o sacrifício.

É inacreditável a falta de criatividade dos governantes, que transformam os contribuintes em devedores e, em última análise, naqueles que vão pagar a conta.

Neste momento econômico vivenciado no País, ficam as indagações: R$ 60 mil é um preço popular? O público-alvo que se pretende atingir tem condições de pagar esse valor à vista, ou se meter num financiamento bancário? Uma vez financiado, quanto vai custar esse veículo ao final dos pagamentos?

E convenhamos, caro leitor, se o objetivo era propiciar aos menos favorecidos uma chance de comprar um carro, isso não vai acontecer. Mas, se ocorrer, vai ampliar em muito o recorte de inadimplentes em todo o País.

A tão propalada e esperada reforma tributária segue estacionada no Palácio do Planalto, sem data para atravessar a rua e chegar ao Congresso Nacional. As tentativas são muitas, porém parece que os esforços não são suficientes.

Com as fórmulas ‘mágicas’ que o governo federal impõe ao setor produtivo, o projeto do carro popular tende a naufragar e repetir aquilo que ocorreu com o ‘fusca do presidente Itamar’.

A cada quatro anos, a cada novo presidente, as promessas são renovadas e nunca saem do papel. Certa vez, em Brasília, José Sarney, então presidente, recepcionou prefeitos de todo o País e num dos trechos do discurso, que lhe renderam palmas, chapéus jogados para o alto, gritos e palavras de ordem, disse que faria a reforma tributária. Isso, em 1986.

Passados 37 anos, a reforma não aconteceu e os políticos seguem fazendo dela (a reforma) uma promessa eleitoral que os incautos acreditam.