Reflexões da maturidade

Para chegar a algum lugar, aprendemos que é preciso esforço. Não apenas o esforço de um dia, de uma semana ou um único movimento. Como no esporte, o esforço diário, cotidiano e repetitivo é que faz com que resultados apareçam. Pode parecer ingrato da vida, mas o esforço por maior que seja hoje, não vale para amanhã. Se o de amanhã não for feito, já se quebra o elo da corrente em direção aos objetivos. Dieta de uma semana ou imaginar que dar uma corridinha um único dia não vai fazer com que a saliência da barriguinha possa diminuir.

Um outro grande inimigo dos objetivos da vida é a tal da procrastinação. Palavra que está na moda e que representa deixar para depois. Amanhã eu começo ou então no ano que vem tudo será diferente. Pois é, a vida está acontecendo hoje e o agora pode ser o que resta e outro vocábulo em alta é a tal da resiliência, que dá conta da capacidade de passar pelas crises. As escolhas cobram e se alimentar de qualquer jeito e não ter disciplina alguma para absolutamente nada, com certeza me faz cada vez mais acreditar que as escolhas são livres e as consequências obrigatórias. Faço o que eu quiser, mas não posso conter o resultado disso. O mundo é dinâmico e complicado. Cheio de mutações e sou incapaz de vencer as leis da física e principalmente não serei e ninguém será capaz de vencer a morte.

Me pergunto se quando me for e estiver do outro lado, olharei para algo que eu perceba que nunca consegui mudar. Se terei aspectos que consegui não perceber a vida toda. Ter vivido quarenta e dois anos já me deu bagagem para me preocupar. Dobrar a conta seria uma façanha, já que são poucos que chegam a oitenta e quatro. Nem com medicina ortomolecular a esta altura eu chegaria próximo do Roberto Justus.

Não vejo problema em errar, mas vejo bastante problema em quem não pede desculpas, não volta atrás e diz que nunca se arrepende de nada. Há aspectos que observei que sempre foram fáceis, outros que sempre foram uma luta e talvez outros que eu jamais terei encontrado mínima força de modificar.

Viver é construir e nessa construtora eu sou sempre o sócio majoritário. Não a pessoa que manda em tudo ou controla tudo, mas que tem um imenso controle sobre a produção da existência. Por mais escuro, por mais cinzento que esteja o céu, serei eu a pessoa perfeitamente capaz de direcionar meus pensamentos de forma que seja capaz de deixar qualquer dia melhor, mais leve e alegre. É tempo de falar dos pensamentos e ser dono deles, afinal tudo mora no cérebro e eu ando amadurecendo para eliminar o que não interessa, anular o que não vale a pena e focar no que de fato é capaz de me fazer dar o próximo passo.

Em geral as pessoas são ingratas e o que foi feito ontem também pode não ter muito valor hoje. Ou não tem o poder de colocar as coisas no lugar e descortinar a diferença entre significado e utilidade. Se o pior cego é quem não quer ver, então é bobagem tentar convencer pessoas daquilo que elas não querem. Mendigar atenção é um erro grave e eu parei. No entanto, minha consciência anda sempre em dia ao mesmo tempo que as frustrações e decepções vou substituindo pela vontade de vencer.

 

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”