Quebra-cabeça

Estou montando um quebra-cabeça durante a quarentena. Isso me consome mais tempo do que imaginei. São 500 peças, que formam a imagem de algum ponto turístico na Rússia.

O último quebra-cabeça que lembro ter montado devia ter umas 20 peças. Não era nada grande, mas mesmo assim me senti glorioso por superar o desafio. Colei tudo no final, para fazer um quadro que não lembro se chegou a ser emoldurado e pendurado. Sei que o tenho guardado até hoje.

Quando pensei em começar um novo, não tinha me dado conta que nunca tinha feito um. Um de verdade, não um de nível infantil. Dividi as peças de canto acreditando que esse seja o primeiro passo que uma pessoa que monte um quebra-cabeça vai dar. E deu certo, consegui montar as beiradas debaixo. Logo, comecei a dividir as outras peças por cores ou desenhos. Dessa vez não deu tão certo assim. Mais por preguiça do que por achar que seria uma boa técnica, e acabei montando sem separá-las. E foi rápido, pelo menos até que chegasse a hora de montar o céu da imagem.

Azul com tons de roxo, cinza de nuvens chuvosas e branco. Não é um céu limpo, não um céu de manhã; é um céu de começo de noite, que ainda possui o reflexo da claridão do sol. Passam-se dias e nada de montar o céu. Por falta de um desenho para seguir as linhas, agora é só cor e encaixe.

O quão frustrante é conseguir montar toda a imagem, menos o céu. Faltando logo o céu. É como um desafio dentro do desafio, ou melhor, um desafio depois do desafio. Algo tão próximo, mas tão difícil de chegar.

Enfim, só sei que quero começar um novo quebra-cabeça, acho que me apeguei ao jogo. Mas, dessa vez, com menos céu.