Que vocação?

Ao longo da última década sempre ouvi dizer que Mairiporã tem vocação turística. Não sei quem foi que disse isso, mas esse mantra é repetido exaustivamente e tem gente que acredita. Não que eu tenha alguma coisa contra. Ao contrário, gostaria muito que fosse verdade.
Nos dois primeiros governos do atual prefeito falava-se que a cidade tinha conquistado o tal do selo de ‘município de interesse político’. Não foram poucas as vezes em que se divulgou que um novo selo havia sido conquistado. Me lembro até que houve um comentário de que Mairiporã iria se tornar um ‘município filatelista’, tamanha a quantidade de selos.
Antes de se falar em turismo, é preciso lembrar que existe um processo de expansão imobiliária, que se por um lado influi positivamente, de outro é mister verificar até que ponto obedece à legislação e não prejudica o meio ambiente.
A Prefeitura não tem um Plano Diretor capaz de oferecer as respostas que a cidade necessita, tem um Código de Urbanismo arcaico e uma Planta Genérica de Valores que data do Império, apenas para ilustrar o quanto é velha e ultrapassada.
Sem esses instrumentos, fica difícil definir qual é a verdadeira vocação de Mairiporã. Não basta ter localidades bonitas e aprazíveis sem um mínimo de estrutura e achar que apenas o clima e a natureza em si vão fazer o resto.
Não se pode esquecer que a cidade cresce de forma desordenada, que os aglomerados populacionais clandestinos se espalham rapidamente e que salta aos olhos a falta de serviços públicos para dar suporte a isso tudo.
Vocação turística é um sonho a ser alcançado, mas que está distante. A cidade tem sim todas as condições de se tornar um importante polo turístico, mas é preciso muito mais do que conversa e guias bem feitos, como se tudo por aqui fosse um paraíso.
Reconheço o esforço de inúmeras pessoas que trabalham com esse objetivo, porém as autoridades precisam fazer mais.