Quatro em quatro

Ainda com a possibilidade de disputar uma reeleição em 2020, o mandato de um prefeito dura exatamente quatro anos. Ou, 1.460 dias, ou ainda 35.040 horas. O equivalente a 2.102.400 minutos. Ou 126.144.000 segundos. A questão é saber se isso é pouco ou muito. Uma resposta a isso pode ser: depende de quem governa e como o faz.
Mesmo assim, responder a essa questão não é tarefa fácil, pois a cada mudança de governo o município sofre com a descontinuidade. Isso significa que são raros os prefeitos que dão prosseguimento aos projetos e obras dos antecessores.
Políticos que assumem o poder, via de regra, lutam para apagar as marcas do governo anterior, geralmente adversário político. Em Mairiporã temos exemplos aos montes. Há quem diga que isso tanto pode ser por briga política ou correção de rumo. Esse último motivo é raríssimo.
Antônio Aiacyda, depois de dois mandatos entre 2005 e 2012, voltou ao Paço e logo de cara tentou tirar o foco da maior ‘vitrine’ do governo Márcio Pampuri, que foi a construção do novo hospital, obra sonhada há décadas pela população. Agregou a isso a proibição de comentar, publicamente, a interdição do Centro Cultural, construído em seu primeiro mandato, e que pode ruir, segundo laudos técnicos que levaram à interdição daquele próprio, nem tampouco aceita divulgar o número de apadrinhados políticos que colocou nos quadros da Prefeitura. De quebra, ainda criou mais três secretarias e nomeou mulher e filho como secretários.
Alguns projetos deixados pelo antecessor foram colocados de lado, mas vieram acompanhados de desculpas esfarrapadas de que tudo será reavaliado para otimizar o funcionamento da máquina ou evitar desperdício de gastos.
O atual prefeito brada que herdou uma Prefeitura com milhões em dívidas. Mas não mostra documentos que comprovem. Pode mesmo ter herdado, mas seria importante comprovar.
Até aqui, Aiacyda teve muitos erros e raríssimos acertos. Esses muitos erros lhe são creditados porque concentra tudo em suas mãos e delega pouco aos secretários. Como não é gestor, é político, depende dos técnicos, mas desde muito tempo não aceita repartir o poder com seu primeiro escalão. A lhe ajudar, uma Câmara submissa que brinda a cidade com a inexistência de uma salutar e necessária oposição. Parece absurdo, mas não é. O governo municipal não tem opositores, condição precípua num regime democrático.
O cidadão não se pode deixar enganar: Aiacyda foi eleito para mudar e não pode ter compromisso com erros, até mesmo aqueles cometidos em suas outras administrações e, por que não, pelo antecessor. Mas tem errado com frequência. O que se espera dele, ainda que isso seja cético para quem o conhece, é que se utilize de critérios técnicos em suas ações pensando no futuro da cidade.
Afinal, Mairiporã não aguenta mais ser reconstruída de quatro em quatro anos.