Quando chegou o tetra

A Copa do Mundo de 1994 foi a primeira onde me conheci por gente a ponto de me vestir de verde e amarelo e ir para frente da televisão. Na época, o SBT lançou o personagem “amarelinho” para atrair as crianças e conseguiu.

Parece que foi ontem, pouco tempo depois que perdemos o Ayton, a seleção canarinho entrava em campo para enfrentar e vencer a Rússia por 2 a 0 na estreia. Nosso caminho para a quarta estrela foi aberto com um gol de bico do baixinho Romário, predestinado a ser o melhor da competição e melhor jogador do mundo naquele ano.

No segundo jogo enfrentamos os temidos Camaroneses, mas o medo logo terminou e vencemos bem, por 3 a 0. Para fechar a primeira fase entramos de azul contra a Suécia e experimentamos a estranheza de tomar um gol e sair atrás no placar. Era um estádio coberto. Uma novidade incrível para a época. No segundo tempo mais uma vez Romário estufou a rede, empatou a partida e carimbou nosso passaporte para as oitavas de final.

Em nossa estreia no mata mata, uma partida histórica contra os norte-americanos no dia de sua independência. Deram a vida, mas a equipe brasileira mesmo com um a menos venceu com gol lindo de Bebeto que tocou cruzado e a bola entrou mansa para o fundo das redes. Já nas quartas, novamente de azul, iniciamos bem e quando venciamos a Holanda por 2 a 0, em poucos minutos sofremos o empate. A partida ficou difícil e um gol “espírita” de falta cobrada pelo lateral Branco, nos colocou à frente do placar e novamente em uma semifinal. Nela voltamos a enfrentar os perigosos suecos. Altos e marcadores, ironicamente foram vencidos por um gol de cabeça de Romário, que subiu dentre os grandalhões deixando o mundo perplexo.

Na final, 6 títulos mundiais em campo. Brasil e Itália, pela primeira vez decidiram o taça do mundo nos pênaltis. O final da história e o chute de Baggio, acho que todo mundo se lembra. De lá para cá, nunca mais deixamos de ser a nação com maior número de títulos. Ninguém conseguiu sequer empatar. Este ano quem tem a chance é a Alemanha, que sorte nossa, anda mal das pernas.

Quando o tetra chegou eu vi pela TV a alegria e o orgulho de ser brasileiro. As campanhas publicitárias exaltavam o fato de sermos o número um. A seleção desembarcou em um MD11  da pioneira Varig. A vitória abria caminho para uma sequência de três finais e dois titulos, que deixaram minha geração extremamente mal acostumada. Ando sonhando com o sexto título. O desejo do hexa tem povoado meus pensamentos e enchido meu coração de esperança. Como seria bom na edição de Natal deste periódico, eu pudesse contar de um domingo de vitória e alegrias.

Deus nos ajude! Fé no pé e olhos no Catar.

 

Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb