OS CANDIDATOS a deputado, conhecidos como puxadores de voto, passaram a ser figuras indispensáveis para os partidos políticos. Com o aumento de recursos do Fundo Partidário e a criação de fundo eleitoral para bancar campanhas de 2018, os 30 deputados mais votados em 2014 chegam a render aos cofres das legendas cerca de R$ 390 milhões durante a legislatura.
Campeão de votos para a Câmara dos Deputados na última eleição, Celso Russomanno é considerado um ‘cheque ambulante’ de quase R$ 59 milhões para seu partido (PRB). Os próximos no ranking de mais votados na eleição passada, Tiririca (SP) e Jair Bolsonaro (RJ), renderão R$ 39,2 milhões e R$ 17,9 milhões para PR e PP, respectivamente, entre 2015 e 2018.
O que explica o fenômeno são as regras de distribuição das verbas do Fundo Partidário e do fundo especial de financiamento de campanha, ambos formados por recursos públicos. O primeiro serve para custear o funcionamento dos partidos. O segundo, criado recentemente em lei aprovada pelo Congresso Nacional na reforma política, vai custear especificamente despesas de candidatos a cargos eletivos.
Entre os critérios de distribuição dos dois fundos está o número de votos de cada partido para a Câmara dos Deputados. E cada voto nominal para um candidato conta também como voto no partido – uma regra que muitos eleitores ignoram. No caso do Fundo Partidário, 95% do dinheiro é distribuído de acordo com o número de votos de cada partido para a Câmara. Já o fundo eleitoral terá 35% de seus recursos rateados segundo o mesmo critério.
Isso faz com que os puxadores de votos sejam importantes fontes de receita para os partidos políticos. Russomanno, por exemplo, obteve sozinho 35% dos votos do PRB. Isso significa que o parlamentar responderá por 35% dos R$ 170 milhões que o PRB receberá dos cofres públicos por seu desempenho nas urnas na eleição passada.
O deputado mais votado pelo PMDB em 2014 foi Eduardo Cunha, também do Rio. Apesar de ele ter sido cassado e preso por envolvimento em corrupção revelado pela Operação Lava Jato, seus 233 mil votos continuarão rendendo dinheiro ao PMDB até o próximo ano. No total, serão quase R$ 9 milhões entre 2015 e 2018.
Somados os votos de todos os candidatos a deputado, os partidos mais beneficiados na divisão de recursos públicos conforme o desempenho nas urnas serão PT, PSDB e PMDB, nessa ordem. Eles tiveram, respectivamente, 13,9%, 11,3% e 11% dos votos para a Câmara dos Deputados em 2014.