Puro deboche!

O primeiro ano de atuação dos vereadores foi melancólico. Não usaram das prerrogativas para fazer questionamentos, principalmente os que envolvem dinheiro público, e usaram a maior parte do tempo para, de forma escrachada, cumprimentar pessoas que estavam na plateia, trocas efusivas de parabéns, apresentação de projetos sem alcance social, farta distribuição de honrarias e um presidente que confunde o ato de presidir as sessões com um programa de rádio. Age como se fosse locutor.
Se houvesse interesse em representar o povo, teriam convocado o prefeito a dar muitas explicações, principalmente sobre o novo hospital, que segue fechado; a saúde capenga; o centro educacional, cujo custo ao povo já passa de R$ 4,5 milhões; o centro esportivo em estado de decomposição; a falta de saneamento básico; o excessivo número de imóveis alugados, a inexistência de projetos para a mobilidade urbana; a violência crescente em toda a cidade e o não cumprimento de leis, como a do atendimento bancário. Nenhuma dessas questões foi sequer discutida. Os senhores vereadores passaram erroneamente a imagem de que a cidade não tem nenhum tipo de problema, quando a realidade é outra e triste.
Existe até uma minoria que arrisca dizer que eles fiscalizam e que não pactuam com aquilo que está errado. Na prática, difícil de ver e impossível de acreditar.
Como explicar o comportamento da Câmara? As respostas podem ser muitas, a começar pela farta distribuição de cargos em comissão a apadrinhados dos vereadores. Os comissionados passam de 120, com um alto custo aos cofres da Prefeitura e zero de benefício à cidade.
Alguns, que se consideram mais espertos, inconformados com a repercussão negativa do parlamento, não só na mídia imprensa, mas também nas redes sociais, partem para o ataque contra a imprensa, que por sinal é sempre a culpada num País com uma classe política, em sua maioria, composta por ladrões, bandidos, corruptos, vigaristas, picaretas e vagabundos.
Esse tipo de conduta, de intolerância às críticas, revela o perfil de parte dos nossos representantes: fanfarrões, autoritários e adeptos da ideia de que uma vez num cargo público, podem fazer o que bem entendem.
Faltam três anos para uma nova eleição municipal. Mas, desde já, é importante que os vereadores saibam que os eleitores ampliam cada vez mais seus conhecimentos e participação em redes sociais e que vão dizer ‘não’ nas urnas aos que adotaram o comportamento oportunista verificado neste primeiro ano.
Puro deboche!