Momento propício para me lembrar da palavra procrastinação. Na minha época, sinceramente, o nome disso era preguiça, mania de educar o cérebro para o fracasso e se habituar em deixar para depois e criar em nosso íntimo a crença de que deixar de fazer algo importante é normal. É comum que a gente faça promessas do tipo começar uma dieta no próximo mês ou ir para a academia na segunda-feira.
Os dias 31 de dezembro são recheados de desejos e promessas pessoais na expectativa de mudanças. Vontade de ler mais, de visitar aquele parente que não vê há anos e emagrecer para o próximo verão, estão entre as demandas preferidas.
Francamente, se refletirmos alguns minutos, encontraremos facilmente o que em nossa vida poderia ser melhorado e que o raciocínio nos leva a ter certeza de que se conseguíssemos mudar isso ou aquilo, a vida poderia ser melhor. Então, porque é que não fazemos o que precisa ser feito e deixamos para depois?
O procrastinador é aquele que sistematicamente adia as coisas. Não consegue fazer ou então faz na última hora. Devo confessar que nesta semana este artigo foi entregue ao jornal bastante atrasado e na última hora. Juro que nem sempre é assim. Não tenho o vício da adrenalina do prazo se esgotando.
Jogue a primeira pedra quem nunca deixou a declaração de imposto de renda para o último dia, ou pagou o boleto pertinho do fechamento do banco.
Por incrível que pareça, procrastinação crônica é caso sério e deve ser tratado com ajuda de profissionais que nos faça entender quais os gatilhos que levam a esse efeito. Para que não se crie um universo de frustrações, considero importante sempre estabelecer metas realistas e que podem ser homeopaticamente cumpridas. Desta forma, de pouco em pouco e de muito em muito, as coisas boas vão dando aquele prazer da conquista.
Sinto isso quando termino de lavar a louça de domingo, vejo a pia limpinha e logo chega a hora de passar um cafezinho que o sabor deixa ainda mais vitorioso.
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb