Prefeito quer mais R$ 5 mi emprestados junto à Caixa

PROJETO enviado pelo prefeito Antônio Aiacyda à Câmara, lido na sessão de terça-feira, 13, pede autorização legislativa para uma nova operação de crédito junto à Caixa Econômica Federal (CEF), no valor de R$ 5 milhões. No mesmo banco, há um empréstimo anterior, do início do ano, também de R$ 5 milhões, e outro, junto ao Banco do Brasil, de R$ 10 milhões.
No pedido feito agora, o prefeito justifica que R$ 2 milhões serão destinados às obras de adequação do prédio do Hospital Anjo Gabriel, que abrigará o AME (Ambulatório Médico de Especialidades). Ocorre, que até o momento, o chefe do Executivo não tem nenhuma garantia de que a unidade médica será instalada no município. Nem a Prefeitura exibe qualquer documento que comprove a vinda do AME, nem o governo do Estado fez qualquer publicação oficial a respeito. E sem garantias, como investir R$ 2 milhões num prédio que o próprio prefeito abandonou, ainda sem uso, desde que assumiu a gestão?
A atual administração é cheia de movimentos nebulosos, nunca explicados, que conta com a conivência de nove vereadores, a sua base de sustentação na Câmara.
Ainda de acordo com o projeto, os outros R$ 3 milhões serão gastos na aquisição de máquinas, equipamentos e utilitários para a manutenção da infraestrutura viária. Bonita descrição, mas genérica. Os R$ 5 milhões do começo do ano não foram destinados a esse mesmo tipo de aquisição?
O povo paga – Em nenhuma outra administração pública de Mairiporã um governo emprestou tanto dinheiro e, o mais estranho, em ano pré-eleitoral.
O vereador Doriedson de Freitas (REDE) informou que recebeu resposta de um ofício encaminhado ao banco que emprestou os R$ 10 milhões que, num cenário positivo da economia brasileira (o que tem muita chance de ser negativo), os juros incidentes sobre a operação de crédito chega a quase 60%. Ou seja, o povo de Mairiporã é quem vai pagar mais da metade do principal.
Ainda falta saber quais os juros do primeiro empréstimo de R$ 5 milhões e o de agora, se aprovado pela Câmara.
Para uma administração que está com a gestão fiscal e orçamentária comprometidas, segundo alerta feito pelo Tribunal de Contas do Estado, é de se estranhar que tantos empréstimos sejam realizados. Mais estranho ainda que aqueles que deveriam fiscalizar e explicar ao povo o que está acontecendo, também conhecidos como vereadores, se limitam a aprovar tudo aquilo que vem do andar debaixo do Palácio Tibiriçá.
Oposição – Os vereadores que não concordam com muitas das ações do Executivo deveriam, nesse caso em particular, de endividamento do município, buscar no Ministério Público a fiscalização que não é feita por quem de direito.
Antes de se aprovar mais um empréstimo milionário, seria oportuno que a Promotoria questionasse o Executivo a explicar detalhadamente todos os empréstimos feitos e o que se pretende agora.