Preço do pão pode disparar por falta de trigo e alta do dólar

O PÃOZINHO de cada dia pode ficar mais caro no Brasil, que depende de trigo importado. Além da desvalorização do real frente ao dólar, a Argentina, principal fornecedor da commodity, aumentou as vendas para outros mercados, como os países asiáticos, e ficou sem estoque suficiente para atender as necessidades internas e a demanda brasileira. No final do mês passado, os argentinos chegaram a suspender as exportações do cereal, e o preço disparou: de US$ 190 para US$ 240 em 60 dias. Diante desse cenário, o Brasil precisa buscar trigo em outros países, como Estados Unidos e Rússia, e pagar mais por isso.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), o País demanda sete milhões de toneladas de trigo importado por ano, o que representa 60% do total de consumo. Cerca de 85% do cereal comprado fora vem da Argentina, mas, de uma safra recorde de 19 milhões de toneladas, colhida no final de 2019, o País vizinho já comercializou em torno de 14,3 milhões.
Segundo a Abitrigo, os estoques dos moinhos de trigo brasileiros são suficientes para cerca de três meses. A partir de maio, será necessário buscar a commodity em outros fornecedores, mais distantes e, por isso, mais custosos em termos de frete e logística. Além disso, nas compras de trigo de países fora do Mercosul, há uma cobrança de 10% da Tarifa Externa Comum – o Brasil pode importar apenas 750 mil toneladas por ano sem a taxa.
Alta – Os produtores nacionais de trigo também estão elevando os preços. No Paraná, maior produtor, a tonelada custava R$ 750 em outubro e agora, R$ 1.050.
Se esse cenário não mudar nos próximos dois meses, o reajuste do tradicional pãozinho será de até 10%, com o preço do quilo podendo chegar, em muitos estabelecimentos, a R$ 13,75, conforme cálculo da Abitrigo.
A majoração no preço do trigo também vai impactar outros produtos, como massas, biscoitos, bolachas, bolos.