Aprendi a pouquíssimo tempo sobre os polvos de crochê. Minha filha ganhou o dela e este em casa, já ganhou até um irmãozinho. Eles são uma graça de macios, mas sinceramente considerei só um mimo do hospital, mas vai muito além. Para quem não conhece, os polvos de crochê são pequenos bonecos feitos à mão que têm conquistado espaço nas maternidades e hospitais, especialmente nas unidades de neonatal. Esses objetos aparentemente simples carregam um grande valor terapêutico para recém-nascidos, em especial para os prematuros. Eles foram inicialmente introduzidos em hospitais da Dinamarca, mas sua eficácia ganhou reconhecimento em diversos países ao redor do mundo.
Minha filha nasceu prematura e no primeiro dia lá estava o polvinho junto com ela. A ideia por trás dos polvos de crochê é inspirada na segurança e no conforto que os bebês sentem ao segurar os tentáculos do polvo, que lembram o cordão umbilical. Durante o período em que estão no útero materno, os bebês costumam agarrar o cordão como uma forma natural de interação e aconchego. Assim, ao segurar os tentáculos do polvo, os recém-nascidos encontram uma sensação de familiaridade e calma que ajuda a reduzir o estresse.
Achei fantástico descobrir tudo isso e quis compartilhar aqui em razão é claro dos benefícios destes polvos, pois não são apenas um brinquedo e sua importância vai além do conforto emocional. Estudos e relatos indicam que sua presença pode colaborar para a estabilização dos batimentos cardíacos e da respiração dos bebês prematuros. Eles também ajudam a reduzir os movimentos bruscos dos braços, que poderiam deslocar tubos ou sondas utilizadas nos tratamentos médicos.
Outro ponto positivo é o fortalecimento do vínculo entre pais e bebês durante os primeiros dias de vida. Muitas vezes, os pais de prematuros, como foi meu caso e minha esposa, enfrentam desafios emocionais ao vê-los na UTI neonatal. A gente ficava ansioso e triste por estarmos em casa e nossa filha no hospital. A inclusão do polvo de crochê pode trazer um pouco de alegria e oferecer um símbolo de carinho e proteção para a família, tornando o ambiente hospitalar um pouco mais acolhedor.
Um dia me lembro de chegar e não encontrar o polvo. A enfermeira contou que estava sendo lavado. Aliás, isso acontecia no máximo a cada cinco dias. Para garantir a segurança dos recém-nascidos, é fundamental que os polvos sejam confeccionados com materiais hipoalergênicos resistentes e laváveis. A técnica de produção precisa ser cuidadosa, especialmente nos detalhes dos tentáculos, para que eles não representem riscos de engasgamento ou acidentes.
Impressionante como uma solução simples e criativa pode fazer tanta diferença. Apesar do avanço da medicina e cuidados médicos, a essência do amor está preservada em algo tão singelo. Claro que nada substitui a ciência, mas pequenos cuidados podem dar conforto e humanidade em um momento difícil e delicado. Em casa, o polvo “Osvaldo” é um grande sucesso!
Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”