Pizza no forno

Não é preciso ser vidente, adivinho, tarólogo ou cartomante para saber que o relatório aprovado pela Comissão Especial de Inquérito (CEI) sobre a aquisição e funcionamento do semáforo, quando chegar a plenário para votação, vai esbarrar na falta de votos para que se permita a abertura de uma Comissão Processante contra o prefeito.

O parecer final  que consta no relatório pede a incriminação de Aiacyda por impobridade administrativa, pois foi o ordenador das despesas de compra, instalação e funcionamento das unidades de semáforo adquiridas.

O Regimento Interno da Casa de Leis diz que para essa aprovação se concretizar serão necessários 2/3 dos votos, ou seja, 9 parlamentares. Isso é praticamente impossível, pois seis edis formam na tropa de choque do prefeito, mesmo que dois deles tenham votado a favor do relatório (afinal, o ano é eleitoral e o voto popular é muito cobiçado) e um terceiro nem as caras deu na reunião que concluiu os trabalhos.

A CEI comprovou que houve, no mínimo, imprudência administrativa ao se torrar o dinheiro público num equipamento que não é essencial para a cidade, longe disso, e causou danos terríveis ao já caótico trânsito de Mairiporã. Também foram cometidos absurdos como implantar essa sinalização sem nenhum projeto a lhe dar sustentação. Num dos depoimentos, o titular do Trânsito disse que o projeto foi elaborado ‘por ouvir dizer’, sem nada no papel. Para coroar essa afronta à população, nomeou-se um pintor como responsável técnico.

São motivos mais que suficientes para comprovar a improbidade do burgomestre, que ao prestar seu depoimento jogou a responsabilidade sobre a Secretaria de Mobilidade Urbana e, no mais, não sabia de nada. Muito conveniente não fosse ele o responsável pela liberação dos recursos.

O relatório ainda não tem data para ir a plenário e ser deliberado pelos vereadores. Mas desde já sente-se o cheiro de uma enorme pizza, que alcança até mesmo os narizes mais insensíveis.

O documento indica que independente de aprovação na Câmara, cópias sejam enviadas ao Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado.

Se houver punição ao prefeito, não será pela Câmara, mas por outros órgãos.