Para que serve o IPTU?

O GRAU de subordinação de 2/3 dos vereadores com o prefeito, que já comprometeu a reeleição de muitos deles, tem levado os parlamentares a atos e discursos que causam estranheza e perplexidade na população.
A última sessão ordinária do primeiro semestre, no dia 25 de junho, corroborou o que este jornal tem dito há bastante tempo, sobre o poder que o Executivo exerce sobre o Legislativo, que não é bom para as relações entre os poderes e lesivos aos interesses da coletividade.
O vereador Marcinho da Serra (PSD), desafeto confesso do prefeito Antônio Aiacyda, enquanto homem da linha de frente do governo do ex-prefeito Márcio Pampuri, e correligionário de primeira hora logo após a vitória do tucano nas urnas, em 2016, disse na referida sessão que “IPTU não é para pagar asfalto”. Para exemplificar, disse que mora em uma rua de terra e que o IPTU não vai pavimentar a localidade.
É inacreditável a que ponto chega um político em defesa de um governo e de interesses inconfessáveis.
O cidadão mairiporanense paga água e esgoto para a Sabesp; energia elétrica para a Elektro, taxa de lixo e de iluminação (muitos pagam e não têm) em cobrança apartada no carnê de IPTU e telefone às operadoras que ofertam o serviço. O contribuinte certamente espera, diante desse quadro, que o IPTU sirva, pelo menos, para asfaltar ruas, construir creches e ofertar educação e saúde de qualidade.
O que se tem visto, na verdade, com o dinheiro suado do contribuinte, é a classe política se valer dele para sustentar correligionários de vereadores e do prefeito em cargos de comissão na Prefeitura, 90% deles sem qualificação para os cargos nomeados, cujo montante anual daria para asfaltar todas as ruas em quatro anos, e manter aberto um hospital do porte do Anjo Gabriel.
As finalidades do IPTU, dentre outras, e isso o vereador deveria saber, é sim para asfaltar ruas, inclusive daquela onde mora. Está na hora de acabar, em Mairiporã, com essa política rasteira que se pratica sempre em benefício pessoal de quem está no poder, e dar voz e vez ao povo. Mairiporã está atrasada administrativa e economicamente há pelo menos 40 anos. Ano entra, ano sai e nada se muda só os problemas se agravam.
Infeliz a assertiva do vereador, que dá a exata dimensão de que o povo, com certeza, não se sente representado.
Até para puxar o saco de quem quer que seja há limite.