Papel

O que é ser próximo de alguém? É papear diariamente ou conversar de vez em quando? Não, papear e conversar não são a mesma coisa. Papear é fazer comentários aleatórios, trocar palavras que não são importantes nem para um, nem para outro. Conversar não acontece sempre. Ouso dizer que conversar é raro, até. Porque conversar é passar experiências, informações pessoais, tirar alguma coisa de dentro de você e entregar ao outro. De onde essa coisa vem? Pode ser da cabeça, do coração, do estômago…
O fato é que, a partir do momento que a gente dá a coisa, ela passa a ser do outro. E a coisa do outro passa a ser nossa, consequentemente. E nesses poucos, pegando coisas aqui e ali, a gente vai se construindo, reconstruindo e desconstruindo.
Mas, o que acontece quando uma conexão é baseada apenas no papo? Nas trocas nem tão importantes que são esquecidas no dia seguinte, que não faz a ninguém lembrar de você no decorrer do anos? Esses tijolos de papel não são o suficiente para construir algo de verdade. Algo que pode até não durar para sempre, mas que para sempre vai estar guardado em algum lugar da memória, em forma de aprendizado ou de afeto, talvez.
Enfim, é difícil encontrar alguém para conversar. Papeamos todo dia, o tempo todo, incessantemente. Mas tijolos de papel não constroem fortalezas. E, algum dia, no primeiro sopro, tudo se desmonta.