Os dois lados do balcão

No próximo dia 6 de outubro de 2024 os eleitores mairiporanenses vão escolher os novos dirigentes municipais. E o foco, aqui, é a escolha daqueles que, ungidos das urnas, ocuparão as 13 cadeiras da Câmara, que nos últimos trinta anos tem se pautado pelo compadrio, promessas de emprego e distribuição de favores pessoais.

Na prática, o que se vê é um Poder Legislativo muito aquém das necessidades da população, um eterno mais do mesmo, sem que ninguém seja surpreendido por aquilo que se entende por trabalho legislativo.

De hoje, 10 de novembro de 2023, até as próximas eleições municipais, são exatamente 330 dias. Esse é o prazo que todos nós, eleitores, temos para levar a sério a obrigação para com o futuro da cidade e consequentemente no bem-estar dos nossos filhos e netos.

Mairiporã tem se notalibilazdo, não que isso seja um privilégio seu, pelo aumento das abstenções nos pleitos. Cresce assustadoramente e, na soma com votos brancos e nulos, alcança inacreditáveis 35% do total do colégio eleitoral.

Se no nosso caso em particular, a teoria de que deixar o voto em branco, anular ou não comparecer aos postos de votação consiste em idiotice, por outro demonstra a frustração com a classe política, mas principalmente com o desempenho dos vereadores. Este semanário tem publicado à exaustão que o parlamento do município insiste em repetir ações que vem desde os anos 1980. Poucas leis de interesse popular são apresentadas, discutidas e votadas, mas indicações, moções e requerimentos com temas recorrentes e de pouca ou nenhuma importância para a sociedade, abarrotam os armários e gavetas do mobiliário da Câmara, e mais recentemente, os computadores.

Há décadas que vereadores gastam tempo, dinheiro e papel em solicitações como corte de mato, operação tapa-buraco, troca de lâmpada, patrolar e cascalhar leitos carroçáveis, construir lombadas, concessão de títulos de cidadania (que virou esculhambação) e entulhar o calendário oficial do município com os mais estapafúrdios temas. É essa a prática que se observa no Legislativo.

Afora estimular a ausência do eleitor na escolha de seus dirigentes, a classe política contribui decisivamente para que a frase lapidar do dramaturgo Nelson Rodrigues continue atual: “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.”

E particularmente nos pleitos na aldeia pitoresca, esses idiotas são encontrados dos dois lados do balcão.

Se os defensores da tal ‘democracia brasileira’ afirmam que a missão do eleitor não se resume a comparecer perante a urna, mas que isso é um desafio na formação da consciência de cada cidadão, não menos importante deveria ser a  recíproca daqueles que foram eleitos. Na prática, isso não ocorre. Não por estas paragens.