Omissão e permissividade

As chuvas chegaram e devem perdurar até março, quando fecham o verão. Chuva sempre é bom. Mas tudo que é bom tem um lado perverso. Com a chuva não é diferente. Quando falta, os estragos são muitos. Quando é demais, também.
No caso de chuvas demasiadas, os estragos são provocados mais por ação e omissão do homem do que pela natureza. Em Mairiporã, por exemplo, a chuva sempre foi preocupação de um ou outro prefeito que são lembrados pelo que fizeram ou deixaram de fazer.
Há casos, em verões anteriores, que famílias foram expulsas das casas e até mortas. Com a rapidez característica de sempre, os prefeitos jogam a culpa na chuva. Mas a verdade é bem outra. Prefeitura e outros órgãos e agentes públicos, omissos e permissivos perante a lei, deixaram prosperar obras ilegais que agrediram o meio ambiente, provocando o caos. A natureza sempre manda a conta.
Há outros casos, como o transbordo de ribeirões e córregos que provoca todo ano prejuízos materiais e à saúde dos moradores da região ribeirinha, com as inevitáveis enchentes, alagamentos e ruas intransitáveis.
Mas os prefeitos não aprendem. Nos últimos vinte anos surgiram loteamentos clandestinos, que somados aos já existentes, agravaram ainda mais o caos provocado pelo avanço desordenado, e até criminoso, de construções que não prosperariam numa cidade onde a legislação fosse cumprida e não relegada por interesses diversos.
O Plano Diretor, bússola de ordenamento de uma cidade, está para ser revisado e não acontece. Esse fato induz a vários questionamentos: Por que não acontece? Por incompetência da Prefeitura? Por interesses imobiliários obscuros? Por interesses políticos? Por que as autoridades fiscalizadoras não agiram nesse tempo todo de forma mais contundente e menos permissiva?
A Defesa Civil, particularmente em Mairiporã, se furta a divulgar publicamente quais são as áreas de risco na cidade, o que ajudaria a prevenir seus moradores.
Enquanto a revisão do Plano Diretor não ocorrer e a fiscalização for omissa, o caos se agrava, a cidade perde recursos financeiros e prospera a desgraça alheia, que de uma forma ou outra paga a conta, às vezes, até com a própria vida. E a culpa sempre é da chuva!