O tamanho do buraco

Passada a histeria e a paranóia da pandemia, em que a grande imprensa foi pródiga em propagar o fim dos tempos, é chegada a hora de conferir, com muita acuidade, o tamanho do buraco nas contas públicas, que está mais para cratera.

Em nível nacional o governo Bolsonaro já enviou ao Congresso a criação de um novo imposto, parecido com a velha CPMF, uma das formas de reaver o dinheiro fartamente distribuído durante os meses de maior incidência da pandemia. A imprensa cobrou com ênfase, que o Governo Federal desse dinheiro à tripa forra, o que foi feito. A conta começou a chegar.

O desemprego aumenta dia a dia, as projeções do PIB caem com o passar das semanas, o dólar segue alto, a bolsa não consegue recuperar o que já foi perdido e milhares de empresas fecharam as portas.

Em Mairiporã não é diferente. O senhor prefeito Antônio Aiacyda, segundo consta no Portal da Transparência da administração municipal, já gastou mais de R$ 13 milhões, dos quais R$ 10 milhões sem licitação, para uma receita acumulada de R$ 7,4 milhões.

Também no caso da cidade, a conta começou a chegar: os repasses federais e estaduais seguem despencando, as receitas com tributos locais seguem na mesma toada, centenas de estabelecimentos fecharam as portas e outras centenas de trabalhadores postos na rua, e essa conta, ao final do ano, não vai fechar.

A julgar pelas finanças de momento, não vislumbro nenhuma outra explicação para que o Plano de Cargos, Carreiras e Salários dos servidores tenha ido parar no limbo, como foi. A perspectiva de que não irá vigorar nem no próximo ano é cada vez mais evidente, pois dentre os próprios governistas é dado como certo que no Orçamento de 2021 não haverá rúbrica para contemplar esse gasto.

Esse quadro é momentâneo. Analistas mais experientes apontam que o pior ainda está por vir, sem querer aqui bancar o profeta do apocalipse.