O retorno presencial nas creches

A dicotomia a ser mensurada com o retorno das crianças nas creches: cuidados de proteção diante da pandemia e os prejuízos de aprendizagens.

Com a retomada das atividades presenciais nas creches ainda durante a pandemia, os cuidados de proteção das crianças com idades entre seis meses a três anos merecem atenção especial.

As creches necessitam de protocolos sanitários e o compromisso das famílias de não enviar criança com sintomas respiratórios. Para tanto, a preparação adequada das unidades escolares para garantir a efetividade dos protocolos sanitários e o compartilhamento da responsabilidade das famílias precede o sucesso no retorno às creches.

Do ponto de vista pedagógico, as creches possibilitam o desenvolvimento de noções básicas em letras e números facilitando a iniciação da alfabetização.

Recentemente foi realizada a pesquisa “Primeiríssima Infância – Interações na Pandemia: Comportamentos de pais e cuidadores de crianças de 0 a 3 anos em tempos de Covid -19”, realizada pela impressa Kantar Ibope Media, solicitada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal – FMCSV, noticiada no último dia 8 no G1, por Elide Oliveira.

Nela se destaca que nas cidades que já reabriram as creches, mais de 50% das 1.036 famílias consultadas não enviaram os filhos com medo do contágio. Nas cidades do interior 63% delas decidiram não enviar seus filhos. Os filhos da classe D chega a 60% dos que enviaram enquanto nas outras classes, A, B e C, apenas 35% das famílias responderam que seus filhos retornaram às creches.

Pouco mais da metade das famílias alegam ter mantido o contato com as creches recebendo orientações de atividades escolares, cesta básica e máscara e orientação sobre contágio.

Neste período pandêmico, com as creches fechadas, as famílias podem não ter garantido adequadamente o isolamento das crianças e, também, não ter feito as coberturas educacionais orientadas pelas creches. Muitas deixaram, por exemplo, com vizinhas para cuidar das crianças que diante da rotina cotidiana do lar utilizam da babá eletrônica, a TV, facilitando vulnerabilidades no isolamento e no desenvolvimento educacional.

Nesse período de suspensão das aulas presenciais, as crianças da pré-escola, de 4 a 5 anos, apresentam déficit de aprendizagem apresentando sinais no desenvolvimento da expressão oral e corporal, conforme outra pesquisa educacional.

O retorno das atividades nas creches, com os protocolos dos cuidados necessários rigorosamente executados, se justifica diante da necessidade de estancar o déficit de aprendizagem dessas crianças, diminuindo a sequela educacional pandêmica.

 

Essio Minozzi Júnior é professor de Matemática e pedagogo. Pós-Graduado em Gestão Educacional – UNICAMP; Planejamento Estratégico Situacional – FUNDAP- Administração Pública-Gestão de Cidades UNINTER; Dirigente Regional de Ensino DE Caieiras (1995-96), Secretário da Educação de Mairiporã (1997-2000) e (2017-2018), Vereador de Mairiporã (2009-2020)