O povo não é palhaço 

Embora seja uma profissão das mais dignas, principalmente por divertir e fazer parte do imaginário das crianças, o termo palhaço foi adotado quando se quer fazer de alguém de bobo ou ludribriar a boa fé.
A população de Mairiporã tem sido tratada dessa forma, ou até pior, como se fosse idiota. O fato tem relação com a instalação em Mairiporã de um Ambulatório Médico de Especialidades (AME), prometida pelo prefeito Antônio Aiacyda em outubro do ano passado, quando fez um barulho dos diabos em torno do assunto, depois de barganhar essa unidade médica com votos da cidade para a escolha do governador. Não pensou duas vezes em trair companheiros e o candidato a governador do partido, PSDB, João Dória.
Pois bem. Uma vez eleito, Dória puniu os ‘traidores’ e fez uma limpa no ninho tucano, varrendo aqueles que não lhe deram apoio. Aiacyda no pacote.
Desde então, a promessa do AME ocupar as instalações criminosamente abandonadas do Hospital Anjo Gabriel, é repetida à exaustão. Enquanto Aiacyda garante que sai, o governo do Estado diz que não. Notícias de ambos os lados são divulgadas quase que semanalmente.
Tanto Aiacyda, quanto João Dória, precisam ter a hombridade de vir a público e dizer a verdade, dizer se de fato e de direito vai ter AME em Mairiporã, se vai finalmente dar uma destinação ao prédio que custou R$ 9 milhões. Neste caso, em particular, a população que depende de saúde pública não quer saber se Dória não vai com a cara de Aiacyda, e se este, num ato de extremo suicídio político, votou e apoiou quem não devia.
É uma indignidade brincar com a boa fé da população. Tanto Dória, quanto Aiacyda, foram eleitos para representar o povo (embora este último se esqueça disso com frequência) e não para brincar com os sentimentos e expectativas dos mais carentes.
Independentemente se Aiacyda é ou não um bom prefeito (ele é como canja de galinha, cada um toma o quanto lhe baste), a cidade precisa com urgência do AME, de uma unidade médica que atenda os interesses da população e dê tratamento digno aos doentes. Mairiporã tem um hospital (e por vezes é importante agradecer por isso) construído nos primeiros anos da década de 1940. E não mudou nada desde então. A população, que era de pouco mais de 3 mil, está hoje próxima de bater os 100 mil habitantes.
Os dois, Dória e Aiacyda, precisam explicar publicamente se Mairiporã vai ou não ter um AME. Acabar com esse jogo político-eleitoreiro prejudicial aos interesses da sociedade mairiporense. Ambos foram eleitos para trabalhar em benefício do povo e não para promover publicamente uma briga de comadres.
Se cabe a João Dória dar a palavra final, que o faça com urgência e assim resolverá dois problemas: acabar com as esperanças da população em ter atendimento digno em saúde e sepultar essa politicagem barata praticada por Aiacyda, ou implantar a unidade, mesmo que isso renda votos ao prefeito.
O povo de Mairiporã deveria estar além dessa desavença e novica política entre iguais: Dória e Aiacyda.