Não tem coisa mais triste do que ser olhado com pressa. Olhares apressados confundem o tamanho, fazem as cores ficarem despercebidas e tiram o valor que se tem. O olhar acompanhado da força da palavra tem mesmo o poder de diminuir o medo. Todos temos os nossos. Medo da solidão, da doença, da morte ou do esquecimento, de ser traído ou injustiçado. Medo de pensar quanto já passou ou quanto falta.
O medo que é intrinsico do ser humano desde que o mundo é mundo, e certamente encontra alento quando somos olhados. Ninguém dá conta sozinho do turbilhão que se tornou essa mundo e quando o calo aperta, naturalmente a gente olha para o lado e busca apoio em algum olhar que transmita segurança e diminua os medos.
Se você já encontrou um olhar que te encorajou para a vida, te fortaleceu para ir em frente, então sabe do que estou dizendo. Como uma criança perdida no meio da multidão e se assusta, por não ter um olhar para fixar o seu e nada lhe é familiar.
A psicologia ensina que quando somos olhados do jeito certo, cresce dentro de nós a crença em nós mesmos. O olhar é sem dúvida o lugar da nossa segurança.
Quando olhamos para alguém ou alguma situação, naturalmente pensamos algo a respeito e vem o julgamento. Mas esse chega com perda de sentindo, afinal há uma distância entre o pensamento nosso e a realidade que se apresenta. Como brincar de telefone sem fio. Quanto maior a distância, a informação se confunde e em algum momento pode ser entendida de modo totalmente diferente.
Sendo assim, é preciso exercitar a mente, o coração e os olhos para não sair por aí olhando tudo e todos com tanta pressa, que nasça banalidade na palavra, opinião equivocada e que a gente acabe criando medo nas pessoas.
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb